terça-feira, 17 de janeiro de 2012

JACARECANGA, BENFICA E ALDEOTA



Por Joaquim Cartaxo

No final do século XIX e no princípio do século XX, a expansão industrial do capitalismo introduziu no Brasil conquistas materiais e novas relações socioeconômicas e culturais que transformaram e modernizaram o país. A sociedade fortalezense também participou dessa onda modernizadora nos limites e possibilidades de seu contexto cultural e socioeconômico.

A utilização do bonde e do trem é um exemplo dessa onda que exigirá a adequação do espaço urbano para receber suas linhas cujos traçados funcionarão como vetores de expansão da cidade. Assim, surgem novas formas espaciais e de valorização imobiliária, pois os imóveis tenderão a ser comercializados por um preço mais elevado nas ruas escolhidas para a circulação desses meios de transporte, em prejuízo de outras vias sem esse atributo. O automóvel aparecerá, na década de 1920, demandando ruas mais largas e pavimentação adequada ao conforto e segurança no tráfego.

Ao diversificarem as possibilidades de deslocamento das pessoas, as novas linhas de bondes elétricos, os automóveis e os ônibus provocam o surgimento de bairros ricos e pobres, iniciando a segregação socioespacial que marcará o crescimento de Fortaleza.

Na década de 1900, as famílias de maior renda não se contentavam mais em morar no Centro onde comércio se expandia e buscam uma nova localização para residir. Movimentam-se na direção do setor oeste da cidade, originando o bairro Jacarecanga vizinho ao Centro.

Outro bairro procurado pela burguesia fortalezense para morar foi o Benfica, situado na circunvizinhança da área central e onde se destacavam as chácaras e a casa do presidente do Estado, o engenheiro João Thomé.

Na década de 1940, na avenida Santos Dumont é implantado o bonde, favorecendo a expansão da Aldeota que se consolidará como o bairro grã-fino predileto das camadas de alta renda para moradia se novo símbolo de “status social. Emblema que conserva até hoje.


Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e mestre em planejamento urbano e regional.