Por
Fátima Bandeira
Fátima Bandeira |
A entrada de Marina Silva no cenário eleitoral, em clima de comoção com a morte repentina de Eduardo Campos altera bastante, num primeiro momento, a disputa eleitoral. Após uma morte trágica, a campanha de Eduardo mobilizou a sociedade, estimulada e reforçada pela mídia eletrônica com ampla exposição e apelo sensacionalista. Eduardo Campos, pouco conhecido da maioria dos brasileiros foi alçado à condição de herói e ex-possível salvador do Brasil. Marina Silva quer agregar esse espólio ao recall da campanha de 2010.
A
frase de Eduardo Campos "não desistiremos do Brasil", transferida de
contexto, provavelmente ocupará lugar de destaque na estratégia da campanha
para manter o clima de comoção. O uso da imagem de Eduardo Campos deverá ser
explorado ao máximo, pelo menos é o que se desenha até agora pelas diversas
manifestações de correligionários do PSB.
As
campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves, este último o maior prejudicado,
deverão repensar estratégias para enfrentar esse momento.
Cabe
a Dilma mostrar a realidade de seu governo, explorar os avanços ainda possíveis
por ser a candidata que tem o que apresentar e ter propostas concretas e, ao
mesmo tempo, resgatar o sonho de mudanças que elegeu o PT nas últimas três
eleições. Dilma tem como principais pontos fracos o desgaste natural de quem
faz parte de um governo que já soma doze anos de poder e o forte enfrentamento
com uma mídia radicalmente oposicionista.
Já
Aécio Neves, terá muito o que repensar por não ter propostas e não ser
reconhecido como liderança capaz de conduzir o País. Nesse momento, se
apresenta como o candidato mais fraco. Tão fraco que a pesquisa do instituto
Data Folha, feita no calor da comoção, sequer simulou um embate de segundo
turno entre ele e Marina Silva, tratando-o como candidato descartável.
Cabe
à população brasileira, aos eleitores, mostrar maturidade política para separar
o joio do trigo, a emoção da razão e não se deixar levar por aspectos que não
resolverão os ainda graves problemas do Brasil e que, por outro lado, podem
representar um retrocesso violento dos avanços já conquistados mas ainda não
consolidados.
E,
embora a mídia reforce muito, não é no cenário econômico que os retrocessos são
graves. A economia deve ser encarada como meio e não como fim. A economia como
fim só interessa ao grande capital, ao capital especulativo, aos banqueiros e
aos players internacionais que ainda vêem o Brasil como colônia a ser
explorada. A economia deve ser tratada como um meio possível de resolver as
questões sociais o que é a principal marca do projeto desenvolvido pelos
governos petistas desde 2003 e exatamente por isso, duramente combatidos.