segunda-feira, 27 de outubro de 2014

INCLUSÃO SOCIAL UNE O BRASIL

 Por Joaquim Cartaxo

A vitória da presidenta Dilma nas eleições de 2014 representou avanço no aprofundamento da democracia brasileira, demonstrado pelos eleitores que estão mais e melhor informados, politizados, resistentes às tentativas de manipulação das mentes e corações deles.

Vitória da geração que lutou contra a ditadura, em que a presidenta é representante viva; vitória política, ideológica e eleitoral das forças populares, socialistas e democráticas que combatem o antipetismo sectário e o neoliberalismo excludente, privatizador, subserviente ao capital financeiro.
Vitória dos movimentos sociais, das mulheres, da juventude, dos lutadores por um desenvolvimento sustentável, inclusivo, solidário, duradouro.

Encerrada a eleição, a oposição liderada pelos tucanos continua a disputa política afirmando que o Brasil está dividido e que é necessário unificá-lo. A questão não é essa, pois pela quarta vez o PT derrota o PSDB na disputa presidencial. O caso não é de divisão do país, mas de conquistar democraticamente maioria política e social. É disso que se trata.

A retórica de unificar o Brasil e afirmar que o PT dividiu o país é uma manobra das elites conservadoras tentando ocultar o mal-estar delas que veio à tona de modo intenso com a ascensão social dos pobres, promovida pelos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma. Pobres e ricos com seus carros passaram a disputar o espaço da via pública, dos estacionamentos; frequentam os mesmos shopping centers; ocupam, lado a lado, as salas de espera dos aeroportos e assentos dos aviões; foram garantidas cotas para negros nas universidades e os filhos de famílias pobres podem obter diploma de nível superior por meio do ProUni. Assim sendo, as pessoas pertencentes às camadas populares podem conquistar colocações no mercado de trabalho reservado, antes, apenas aos pertencentes às camadas de renda média e alta da sociedade.

Por causa disso, essas camadas tradicionais se sentem ameaçadas pelas classes de renda C e D. Sentimento traduzido na velha e nova mídia com manifestações de intolerância e virulência preconceituosa contra pobres, negros, mulheres, nordestinos, homofobia e o PT nessas eleições.

Ascensão social é a verdadeira unificação do país, a unificação de oportunidades para todos. A presidenta Dilma e o PT se dispõem a dialogar. Mas, isso não significa abrir mão do projeto vitorioso nas urnas que contém aviso dos eleitores em letras garrafais: reduzir inflação e juros pagos ao sistema financeiro; proteger os direitos dos trabalhadores e garantir emprego; priorizar as regiões mais pobres e desprovidas de infraestrutura; ampliar e melhorar a qualidade dos serviços públicos; aperfeiçoar a regulação do setor privado; combater a corrupção sem tolerância.

Fonte da foto: http://www.vermelho.org.br/noticia/161848-133

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O FRACASSO DO TERRORISMO ECONÔMICO DA MÍDIA

Por Emir Sader


O cerco da mídia ao governo tem dois pilares: as denuncias de corrupção (que na campanha teve a Petrobras como mote central) e o terrorismo econômico. O primeiro, pela reiteração e a falta de provas, se esgotou.

A última pesquisa do DataFolha revela como o terrorismo econômico da mídia se esgotou. Não apenas as opiniões da grande maioria pessoas estão na contramão do que a mídia pregou, como além disso o otimismo econômico é considerado como um dos fatores que alavancam a candidatura da Dilma na fase final da campanha.

A expectativa de que a inflação aumentaria despencou de 59% em fevereiro para 31% agora. A de que vai ficar como está subiu de 25% para 35%, enquanto a de que vai diminuir aumentou de 9% para 21%. Portanto 52% nao consideram que a inflação deve aumentar, contra 31% que acham que ela deve subir. Somente 35% dos eleitores do Aécio acham que a inflação vai aumentar. O terrorismo inflacionário foi derrotado.

 A expectativa de que o desemprego deve aumentar baixou de 39% para 36%, enquanto os que consideram que vai diminuir subiu de 25% para 31%, e os que consideram que ela vai ficar igual aumentaram de 31% para 33%.

Quanto à situação econômica do país, o que consideram que ela vai piorar baixaram de 27% para 15%, os que acham que ela vai melhorar vão de 34% para 44%, e os que acham que ela ficar como está vão de 35 para 33%.

Entre os próprios eleitores do Aecio 43% acham que a situação do país vai melhores e apenas 20% de que ela vai piorar. 31% desses eleitores consideram que o desemprego continuará como está e 30% acham que ela vai cair.

Foi por água abaixo assim o clima de pessimismo econômico que a mídia insuflou há vários anos. A maioria pensa diferentemente dela, tanto em relação à situação econômica em geral, quanto à inflação e o nível de emprego.



Fonte: http://www.cartamaior.com.br 
Foto: http://umbalaiodenoticias.blogspot.com.br
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

SEGUIR AVANÇANDO


Por Joaquim Cartaxo



Considerando que o destino de um país guarda relação direta com a grandeza de seus líderes, a presidenta Dilma Rousseff é a pessoa para seguir conduzindo o projeto de transformação do Brasil inaugurado pelo presidente Lula.

Pela primeira vez, o país celebrou, este ano, a saída do Mapa Mundial da Fome, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso ocorreu por causa das políticas sociais e de distribuição de renda, iniciadas por Lula e ampliadas com Dilma.

Políticas que se tornaram referências mundiais de melhoria das condições de vida e trabalho das camadas pobres da população. 36 milhões de brasileiros saíram da pobreza extrema, quantidade correspondente à quase a população total da Polônia; índices de pleno emprego e aumento real de 72,75% no valor do salário mínimo, entre abril-2002/janeiro-2014.

Sublinhe-se a educação. Os governos Lula e Dilma construíram 422 escolas profissionalizantes, todos os governos passados apenas 144; no ensino superior, foram criadas 18 universidades federais, 173 campus universitários, o ProUni, o FIES, democratizando o acesso ao ensino superior. Assim sendo, o Brasil, que gastou cinco séculos para ter 3,5 milhões de jovens frequentando universidades, precisou de apenas 12 anos para alcançar os atuais 7,1 milhões de brasileiros universitários. Ou seja um aumento de mais de 100%. Ainda, os professores conquistaram o piso salarial nacional com Lula e Dilma.

Estamos na última semana da campanha eleitoral de 2014. O povo brasileiro se encontra diante do desafio de reeleger Dilma 13 para o país seguir avançando com mais mudanças, mais futuro, mais Brasil e derrotar o bloco anti-PT, notabilizado pelas privatizações, desemprego e subserviência ao capital financeiro.

Votar em Dilma Rousseff (PT) é defender crescimento econômico com distribuição de renda; Estado ativo como indutor do crescimento e garantidor dos direitos sociais; o outro candidato com seu ideário neoliberal quer centralidade do mercado na política econômica, privatização, fim dos bancos públicos, estado mínimo.

No Ceará, a eleição para governador experimenta desafio similar. Os dois governos Cid Gomes (2007-2010/2011-2014) foram parceiros intensos dos governos democrático-populares do presidente Lula, da presidenta Dilma e do PT. São resultados marcantes dessa parceria: crescimento econômico do estado com geração de emprego e renda, construção dos hospitais do Cariri, da Região Norte, do Sertão Central, das policlínicas, UPAs, de mais de 100 escolas profissionalizantes de tempo integral, do Cinturão das Águas.

Parceria política que se aprofundou a ponto do governador Cid Gomes confiar ao PT o nome para sucedê-lo. Uma pessoa com história de luta política, social e institucional, o deputado estadual Camilo Santana, ex-secretário de Desenvolvimento Agrário e ex-secretário das Cidades.

O PT não inventou a luta de classes. Elas são reais no nosso dia a dia. A diferença entre nosso projeto e dos adversários é governar olhando para todos, mas com atenção prioritária nos  segmentos mais necessitados, vulneráveis da população.

Por sua vez, os adversários propõem “choque de gestão”, “medidas amargas mas necessárias”, “novo jeito de governar”. São eufemismos com o objetivo de camuflar as reais intenções: atacar direitos dos trabalhadores, diminuir a ação do estado e privatizar o patrimônio público.

Nessa reta final de segundo turno é hora de dirigentes, militantes, filiados, simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, dos partidos aliados, lideranças de esquerda, progressistas, populares, sindicais, intensificarmos nossas ações, diuturnas, de conquista do voto nas ruas e nas infovias para reeleger Dilma presidenta e eleger Camilo governador. O que está em jogo é seguir avançando, aprofundando as mudanças, radicalizando a democracia ou regredir à década de 90, em que medidas impopulares, fragilização econômica, criminalização dos movimentos sociais, privatização do patrimônio público e engavetamento de denúncias de corrupção que marcaram os governos FHC/Aécio.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista, secretário de formação política do PT/Ce e coordenador de articulação com a sociedade civil da campanha Camilo Santana.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DO "ESQUEÇAM O QUE EU ESCREVI" AO "ESQUEÇAM QUE EU GOVERNEI"

 
 
 
 
Por Leopoldo Vieira







 No dia 16 de outubro, alguns intelectuais lançaram o manifesto "ESQUERDA DEMOCRÁTICA COM AÉCIO NEVES", noticiado como um grupo de pensadores históricos ligados ao PT supostamente descontentes com os rumos do país.

Em 10 tópicos, tudo o que foi escrito serviu para tentar fundamentar quatro sofismas:

1) "A campanha petista no primeiro turno valeu-se de táticas e subterfúgios que desonram o bom debate. Caluniou, difamou e agrediu moralmente a candidatura de Marina Silva, sob o pretexto de que seria preciso fazer um "aguerrido" confronto político";

2)"A aliança programática que se constituiu em torno de Aécio Neves, impulsionada por PSDB, PSB, PPS e PV, entre outros partidos, e pelo apoio de militantes da Rede e de lideranças políticas expressivas, como Marina Silva, será importante para que se consolide uma perspectiva de renovação. Agregará mais pessoas comprometidas com a democracia. E ajudará a que se supere o quadro de estagnação polarizada em que se encontra a política nacional, criando um polo progressista novo, alargado e requalificado";

3)"Aécio Neves e aliados representam uma oportunidade para que se retomem os fios rompidos da vasta tradição do reformismo democrático no Brasil. Seu governo poderá dar seguimento às vitoriosas políticas sociais dos últimos anos"; e

4)"Não aceitamos que se aprisione a sociedade num maniqueísmo "povo" x "elite", que leva os cidadãos a simplificar o que não pode ser simplificado".

Em resumo, tentam passar um verniz sobre o transformismo da Marina Silva, que aderiu de mala e cuia, no primeiro turno, ao programa econômico do PSDB e, no segundo, ao próprio candidato tucano e refundar o messianismo pelo qual a Divina Providência a ungiria chefa da nação. Só que, agora, a simples presença dela seria a redenção dos pecados tucanos, uma espécie de perdão diluviano.

Ou, então, trata-se de intelectuais que, como dizia um "filósofo" – Olavo de Carvalho - que neste momento está no mesmo campo destes signatários: são meramente "umbigocêntricos".

O que quer dizer estes quatro extratos do documento?

Que a eleição mais programática da história recente é uma farsa, tudo porque Marina perdeu o debate neste campo, motivo pelo qual ficou fora do segundo turno. E perdeu porque optou por ter seus minutos de pólo, expressando, de modo efêmero, as classes e grupos sociais às quais o PSDB historicamente representa no país. Culpa das escolhas dela, não do PT. Melhor seria Marina ter se declarado neutra ou nem ter chegado num vale-tudo para ganhar.

Que a polarização elite x povo seria uma farsa montada por um partido autoritário, da "velha esquerda" que opera pela "velha política", quando na verdade ela é a dimensão sócio-econômica da polarização política PT X PSDB. Ou o que está em jogo não é a renda e a democratização das oportunidades? Ou, no fundo, o PSDB, seus ideólogos, apoiadores e líderes, não consideram nordestinos ignorantes, são contra as cotas, taxam o Bolsa-Família de "bolsa-esmola" e "sustentação de vagabundos", tentaram declarar o ProUni inconstitucional, incomodam-se com as bermudas nos aeroportos, preferem demonizar Cuba à permitir que médicos cheguem ao Brasil Profundo etc e tal?

Quem vê as assinaturas nota que poucos dali realmente ainda estavam com o PT. Emblemático disso é a assinatura de Francisco Weffort, que rompeu com o PT ainda pelos idos de 1994 para integrar o governo FHC.

O recado almejado é simplório: "Nas eleições de 2014, nos decepcionamos com o PT", cumprindo um papel sinistro de levar a base social e eleitoral de Marina, que resiste em desembarcar no apoio a Aécio Neves, a esta encalacrada da consciência.

Eles sabem que manter programas sociais é incompatível com "não sei o que vai sobrar" dos bancos públicos, com a autonomia do BACEN e a inevitável crescente da taxa SELIC, com salários e empregos subordinados à inflação de 3%. Sabem que é mentira a afirmação dos próprios, portanto, de que "programas de grande impacto social, como o Bolsa Família, o Mais Médicos e o Minha Casa Minha Vida, podem e devem ser aperfeiçoados, reestruturados e ampliados". E sabem que não foi isso que os tucanos fizeram quando governaram. Fernando Henrique, nos anos 80, na discussão dos estatutos do PMDB, dizia que a verdadeira posição é a posição concreta. Pois é...vale para os tucanos após experimentarem oito anos de governo e para estes intelectuais ao analisarem aqueles governos tucanos.

Quem declarou que o Estado precisava ser terceirizado e privatizado, que a Era Vargas deveria ser enterrada, não pode se comprometer com a ideia de que "o Estado precisa continuar a ser recuperado como fator de regulação econômica e de promoção do progresso social".

Eles sabem que nunca se fez tantas conferências nacionais, com tantos temas e criando tantos conselhos, além da Política Nacional de Participação Social e escutas à sociedade na elaboração e monitoramento do PPA e das leis orçamentárias. Sabem, então, que são desonestos ao dizer que "nossa meta é ajudar a que tenhamos um País onde o governo dialogue com a sociedade, onde haja mais participação e os movimentos sociais sejam ouvidos". Quando desenham um país "onde não se criminalizem as mobilizações populares", fingem esquecer que foi FHC que, em 2000, tentou enquadrar o MST na famigerada Lei de Segurança Nacional e que quem começou a espancar manifestantes na Paulista, em 2013, foi o governo de Geraldo Alckmin.

Eles sabem que não há comparação com os investimentos em saúde, educação, seguridade social, políticas para as mulheres, jovens, pretos, LGBTs, quilombolas. Mas, preferem dizer que Aécio significa um governo onde serão respeitadas "as minorias, étnicas e de gênero, as sociedades indígenas, as comunidades quilombolas e seus territórios, valorizando-se a educação, a saúde, a previdência e a Seguridade Social".

Pedem "um Brasil onde todos possam viver, trabalhar e conviver em paz", mas estão dispostos mesmo a bancar uma candidatura que põe 3% de inflação acima dos 20 milhões de empregos gerados nos últimos 12 anos. Ou será que esquecem, de novo, que a FGV detectou, no final da Era FHC, que o Brasil chegara a 50 milhões de indigentes?!

É simplesmente uma piada de salão, bem ao gosto deste tipo de intelectual, a afirmação de que "não dá para aceitar que os setores mais pobres da população sejam abandonados à própria sorte ou transformados em consumidores, em vez de cidadãos". Ou que "os direitos humanos não são negociáveis e nem se pode postergar a expansão dos direitos sociais e dos trabalhadores, seja mediante o aumento e a qualificação dos empregos, seja mediante a melhoria geral das condições de vida". Tiramos 28 milhões da extrema pobreza e alçamos 36 milhões à classe C, com um extenso portfólio de institucionalização de novos direitos nas mais diversas áreas, do torcedor à juventude. Chegou-se a mais de 60% de formalização dos postos de trabalho.

O desfecho é cínico como o pedido de Aécio para que não se olhe no retrovisor (e se passe do "esqueça o que eu escrevi" ao "esqueça que governei"): "Ela [a candidatura Aécio Neves] se mostra hoje o melhor caminho para a reforma da política, a recuperação das boas práticas de governo e a preservação das conquistas sociais tão duramente alcançadas nas últimas décadas". Como assim, "Bial"? Com a The Economist, a Standard & Poor's e seus patrocinadores? Com Malafaia e Bolsonaro?

Estes senhores fingem ser reflexão crítica o que é mais uma Teoria do Desenvolvimento Dependente, de um premiado sociólogo brasileiro (pela Biblioteca do Congresso dos EUA): uma encomenda da "Fundação Ford".

Fonte: http://www.brasil247.com


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O AEROCOCA





Por Valton Miranda

 
Gostaria muito de saber se o senhor Aécio Neves, foi realmente viciado em cocaína, como sugere um vídeo no youtube. Caso tenha sido viciado e superado o vicio, merece todo aplauso, mas se está escondendo do povo brasileiro que passou por esse transe na vida, comete grande desonestidade. Além disso, sabemos que a personalidade que permite o vício tem características comprometedoras, que precisam de longos anos de análise para serem superadas. Isso tudo, coloca o candidato do PSDB numa posição que precisa ser explicada ao conjunto da população brasileira, pois dependendo disso, ficaria amesquinhado ou engrandecido. Por outro lado, existe aquele acontecimento do avião do senador Perrella, correligionário de Aécio, que foi apreendido com quatrocentos quilos de cocaína. Certamente, não se pode cometer a leviandade de afirmar que essa cocaína era para consumo do candidato Aécio, mas isso também precisa ser explicado.

Não entro aqui, na questão relativa à posição política conservadora e direitista que assume o privilégio do privado sobre o público, nem tampouco, das decorrências de pretender estabelecer no Brasil uma política de arrocho salarial e de privilégios dos bancos particulares. Isso fica para o grande debate que está sendo travado entre o projeto da elite financeira suldestino/paulista na sua maioria e aquele representado pelas aspirações populares de transferência de renda para a população carente e melhoria de vida para o conjunto da população pobre brasileira. 


Nota: O meu texto "O Aerococa" se baseou nas declarações veiculadas no youtube pelo radialista e jornalista Jorge Kajuru.

Kajuru faz ataques pesados ao presidenciável Aécio Neves nas redes sociais; Kajuru é amigo pessoal e ligado ao deputado federal e senador eleito por Goiás Ronaldo Caiado (DEM), fervoroso partidário de Aécio; aliados do tucano se questionam se a atitude de Kajuru se trata de fogo amigo contra Aécio por parte de Caiado; o democrata vive situação curiosa porque em Goiás está ao lado de Iris Rezende, do PMDB, que apoia a presidente Dilma Rousseff (PT)

Portanto, o que pretendo como disse no texto, é um esclarecimento necessário sobre um assunto fundamental para alguém que pretende à Presidência da República. Um ex-adicto que superou o vício e prosseguiu num trabalho analítico sério é um exemplo de superação importante. Dessa maneira, como psiquiatra e psicanalista, desejo que milhões de brasileiros possam ser esclarecidos à respeito deste assunto. 



Valton de Miranda Leitão é médico psiquiatra, psicanalista, militante político e escritor. 

Foto: http://www.tribunahoje.com/

BANCOS PÚBLICOS, UNI-VOS!



Leopoldo Vieira



Por Leopoldo Vieira
 

A campanha eleitoral para presidente do país vai entrando "no centro da meta".

Os tucanos são incorrigíveis, não conseguem esconder seus caninos do povo brasileiro. Se Aécio Neves tentou ludibriar a sociedade dizendo que manteria os programas sociais, seus mentores e assessores, seus apoiadores e patrocinadores, não conseguem se conter diante da euforia de imaginá-lo na cadeira da presidenta Dilma Rousseff.

O ex-presidente FHC acusou 41% do eleitorado do primeiro turno de ignorante por ser de baixa renda, dando ênfase aos nordestinos. Um sincericídio impressionante de preconceitos, que fala da alma do PSDB e expõe o porquê do avesso ao Bolsa-Família, às cotas nas universidades, à proliferação de institutos de educação tecnológica, às bermudas em aeroportos e assim por diante. As bolsas e as agências de risco promovem orgias especulativas a depender da variação de Aécio nas pesquisas. Os "mercados" se locupletam num Woodstock de vetos a fulano e sicrano que seria o ministro da economia de um segundo mando de Dilma. Os jornais se assanham e o maior de todos - o complexo Globo - em revista semanal, já usa o pretexto das denúncias de Paulo Roberto Costa e Yousseff para justificar uma eventual privatização da Petrobrás. Armínio Fraga, "ministro da Fazenda" de Aécio Neves, segundo divulgou o jornalista Miguel do Rosário, não se segurou e confessou que os tucanos pretendem explodir a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), num ato tão aloprado quanto a promessa de Serra à Chevron, em 2010, de que entregaria a Petrobrás àquela "irmã".

Justificativa para a frase "não sei o que vai sobrar" não existe.

O lucro da Caixa Econômica Federal em 2002 era R$ 1,1 bilhão, em 2013 foi de R$ 6,7 bilhões. O do BB, em 2002 era de R$ 2 bilhões, passando, em 2013, a R$ 15,8 bilhões. O do BNDES, em 2002, foi de R$ 550 milhões. Já em 2013, foi de 8,15 bilhões.

Não esqueçamos que, como lembrou o ministro Mercadante, em entrevista recente, "os tucanos já tentaram privatizar a Caixa e o Banco do Brasil quando se encontravam no governo". Ele lembrou que, em 2000, no fechar da tampa de seus governos, Armínio Fraga foi à Nova Iorque para uma reunião no banco Merryll Linch, aonde levaram um estudo que previa a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Resgata também que, no "Memorando de Política Econômica", de março de 1999, apresentado ao FMI pelo governo FHC, afirmava-se que havia sido demandado análise dos bancos públicos federais (BB, Caixa, BNDES, BNB e BASA) "para possível venda de componentes estratégicos ou mesmo a sua transformação em agência de desenvolvimento ou bancos de segunda linha".

Por que querem privatizar já que não há problemas de gestão?

No caso da CAIXA, o Bolsa Família atinge aproximadamente 56 milhões de pessoas, e foi a base para retirar 36 milhões da pobreza, "cooptados" pelos 20 milhões de empregos gerados. Sem contar as centenas de milhares de moradias do Minha Casa Minha Vida e os milhões de correntistas populares que tendem a se expandir na medida em que se mantém o poder de compra dos salários e cresce o emprego formal.

O Banco do Brasil, além de outros inúmeros projetos, executa os investimentos do Plano Safra, estratégico e crucial para a segurança alimentar do país e a diversificação da produção agrícola. Em 2002, a Safra Agrícola ficou em 97 milhões de toneladas. Em 2013 foi para 188 milhões de toneladas.

O BNDES tem um perfil completamente diferente do que tinha durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o apoio à privatização foi a marca do banco na gestão tucana. Na era petista o BNDES retomou sua missão de fomento e financia 97% das pequenas e médias empresas brasileiros. Antes os grandes beneficiários dos financiamentos do BNDES eram as montadoras de automóveis, hoje a cadeia se diversificou para o setor de alimentos, química e petroquímica, setores ligados à industrialização e segurança alimentar. Desde 2009, o BNDES bate recorde em sua linha de financiamentos às exportações de serviços e bens brasileiros para a América Latina e o Caribe, principalmente para as obras de infraestrutura realizadas por empresas brasileiras.

Paralelamente, o Bradesco e o Itaú anunciam mês a mês seus maiores lucros líquidos de todos os tempos e não deveriam ter motivos para se incomodarem tanto através de seus empregados políticos. Mas é aqui que reside a questão.

Não é que os bancos privados, nacionais e estrangeiros queiram se apossar deste enorme filão da execução dos programas sociais, correntistas populares, pequenas médias empresas, financiamento de grandes empreendimentos na América Latina e das grandes empresas brasileiras ou dos produtores agrícolas. Eles não querem ser pressionados, instados a se planejar para competir, ter que mediar seus spreads e taxas de juros, dispor mais cotas de capital para disputar este mercado. Querem a tranquilidade do subdesenvolvimento, do aquecimento seletivo do consumo, escolherem (eles sim!) os "campeões nacionais". E, com um país sem bancos públicos, poderem ditar as regras da economia por que haveria um governo de joelhos ao seu bel prazer.

Armínios da vida são bem pagos para gerarem o país acima retratado e depois curtir as delícias do além-mar. É por isso que o "ministro da Fazenda" de Aécio não sabe se vai sobrar muito dos bancos e... Dos empregos, do crédito, do consumo, do salário, consequentemente. Ele sabe é que precisa colocar o câmbio ao sabor da nuvem de bilhões de dólares subsidiados pelos tesouros do G7, apertar o superávit para justificar privatizações e terceirizações das funções públicas e assegurar juros altos para aumentar os rendimentos de quem paga suas vultosas contas, sob a capa de combater a inflação do preço do tomate.

A questão eleitoral, neste caso, resume-se assim: se não precisa da CAIXA, BB e BNDES, aperte 45. Alguém se habilita? (grilos...) 




Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/156839/Bancos-p%C3%BAblicos-uni-vos!.htm




segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A CRIATURA ATACA O CRIADOR



 


Por Valton Miranda

 Sou testemunho político de todo o processo de desenvolvimento orgânico e teórico do PSB, desde os anos 1985, até quando me desfiliei há mais de 10 anos.

A trajetória desse partido, entretanto, sempre foi acompanhada por mim, psicanalista, intelectual e político, militando no PT. A notável figura política de caráter probo de Roberto Amaral foi durante todos esses anos o núcleo orgânico e teórico da construção desse partido que caiu na mais deslavada corrupção teórico-programática com a nefanda votação de quarta-feira passada, apoiando o candidato Aécio Neves, seguramente representante do capital internacional e da grande burguesia paulista. A mentalidade senhorial sudestina combina-se com o coronelismo nordestino que se manifesta esdruxulamente dentro de um partido outrora socialista.

O problema político de grande número de pessoas que ingressaram na esquerda e no PSB é que são oriundos da Casa Grande e Senzala,  com densidade teórica duvidosa e demasiado apetite pelo poder institucional, qualquer poder, todo poder.

Roberto Amaral, que testemunhei viajando por todo Brasil para construir com a maior dedicação esse partido certamente vive hoje como pai e mãe dessa criatura, a mais profunda decepção que um intelectual do seu porte poderia sofrer. Comparo sua postura à de Jean Paul Sartre que preferiu sempre o Ser ao Nada, embora para isso, tenha enfrentado todas as calúnias e difamações. Aliás, Roberto Amaral, tem um livro sobre este homem da história, com o título “Sartre e a Revolta do Nosso Tempo”. Contrariamente a essa coragem de Ser,  o diretório do PSB traiu seu mais importante intelectual e militante.

Não entrarei em detalhes sobre todos aqueles que conheço dentro do PSB e que participaram dessa verdadeira baixaria política, porque Amaral já o fez em entrevistas para vários jornais do país. Quero apenas ressaltar, que tendo procriado essa criatura, (não chamo mais de ente político), o criador agora é agredido pela monstruosidade mutante, cuja traição não pôde controlar. A criatura como víbora peçonhenta, tenta matar o seu criador, mas isso não será possível, porque Roberto Amaral é muito maior do que todos eles juntos.

Não escrevo isso movido pela emoção do amigo, mas pela justiça que deve prevalecer na política e na história. Tenho convicção de que ao se afastar Amaral estará cumprindo a tarefa histórica de denunciar todos aqueles que no PSB enxovalharam os ideais do socialismo e aviltaram seu programa para o país que queremos. Não queremos um país de joelhos diante do mercado internacional conduzido por Washington e tampouco desejamos que prevaleça a ética do privativismo financeiro do sistema bancário sobre a moral pública na distribuição e transferência de renda para a população brasileira.

O PSB do Ceará, terra de Roberto Amaral, traiçoeiramente pousou ao lado do mercantilismo e do atraso, pisoteando seus fundamentos e princípios. O futuro pronunciará o veredito histórico, condenando aqueles que dentro do PSB capitularam diante do altar do mercado capitalista.


Valton de Miranda Leitão – Médico psiquiatra, psicanalista, militante político e escritor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

PAPEL DOS BANCOS PÚBLICOS NA VISÃO NEOLIBERAL

Por Fernando Nogueira da Costa

Fernando Nogueira da Costa
Fernando Nogueira da Costa
Fernando Nogueira da Costa


Mansueto Facundo de Almeida Jr já assumiu os seguintes cargos públicos: coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda (1995-1997), na equipe de Pedro Malan, assessor da Comissão de Desenvolvimento Regional e de Turismo do Senado Federal (2005-2006) e Assessor Econômico do Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). É funcionário de carreira do IPEA em Brasília, mas, a partir de junho de 2014, passou a gozar de licença sem vencimento do órgão público para escrever seus panfletos oposicionistas mais à vontade como assessor do candidato Aécio, herdeiro da dinastia dos Neves de São João d’El Rey – MG.

No panfleto postado em seu blog no dia 6 de outubro de 2014 – “O papel dos bancos públicos na visão do governo” –, inicia destratando a Presidenta da República ao caluniá-la como mentirosa por ela ter dito que, “se a oposição ganhar a eleição, os subsídios terminariam, o que ocasionaria juros mais elevados e redução do investimento em infraestrutura”. Paradoxalmente, ele escreve seu panfleto confirmando exatamente essa impressão da Presidenta!

O objeto do maior queixume choramingueiro é a atuação proativa do BNDES. De fato, em pleno período anterior ao “apagão de 2001”, o BNDES emprestou de 1997 a 1999 apenas R$ 19 bilhões, anualmente, e só passou para o patamar de R$ 26 bilhões em 2000 e 2001.

Depois, o BNDES passou a ter um papel ativo no governo social-desenvolvimentista e o valor anual, nos últimos dois anos, está em torno de R$ 190 bilhões. Por exemplo, financiou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior do mundo, cujo empréstimo de R$ 22,5 bilhões para o projeto foi o maior da história do banco, correspondendo a 78% do total (R$ 28,9 bilhões) a ser investido na hidrelétrica.

A crítica oposicionista à atuação recente do BNDES é que ela seria baseada em concessão de “subsídio” e “favorecimento” ao organizar grandes empreendimentos em associação com grandes empresas brasileiras. Com essa “escolha dos parceiros estratégicos”, ele ofereceria subsídios e incentivaria a formação de conglomerados que, sob o argumento de melhoria da competitividade da indústria brasileira, atentariam contra o livre-mercado.

Não cabe essa crítica de “favorecimento”, pois qualquer escolha de setores prioritários na estratégia de crescimento explicitada no PAC (Programa de Aceleração Econômica), evidentemente, exigia selecionar as empresas contempladas com financiamento. Isto foi realizado, transparentemente, inclusive as empresas foram nomeadas no site do Banco.

Defender isonomia entre empréstimos dirigidos aos grandes grupos, responsáveis pelos principais projetos em andamento, principalmente ligados à Petrobras, e às micros, pequenas e médias empresas era desculpa antes adotada para não se escolher o caminho do desenvolvimento. Era, então, coerente com a atitude passiva pro mercado. Em nome de “não privilegiar clientes”, emprestava apenas para se privatizar o patrimônio público!

O oposicionista a favor do livre-mercado estima o custo anual do subsídio, comparando o custo atual do financiamento da dívida pública (SELIC) com a TJLP. Aplica essa diferença ao montante da capitalização do Banco por seu controlador, o Tesouro Nacional, via empréstimo em longo prazo. Faz cálculos estáticos para resultados dinâmicos. Não contempla o investimento multiplicador de renda, a elevação da arrecadação fiscal e nem o pagamento futuro de dividendos. O valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. Poderá ser bem menor do que a quantia então estimada, ocorrendo uma futura convergência da TJLP e da Selic.

Sem visão estratégica sobre a obtenção de crescimento sustentado em longo prazo, a oposição só destaca o impacto fiscal dos empréstimos da União ao BNDES. Dado que os empréstimos têm custo indexado majoritariamente pela TJLP, haveria, em princípio, “subsídio” igual à diferença entre o custo de mercado do financiamento da União, baseado em Selic, e a TJLP. Esse cálculo, visto isoladamente, pode suscitar conclusões equivocadas, pois ignora os ganhos fiscais resultantes das operações viabilizadas pelo empréstimo da União, entre eles:

1.    o lucro do BNDES, que retorna à União por meio de dividendos, tributos e lucros retidos;

2.    o ganho fiscal em curto prazo, decorrente da expansão do produto e da renda da economia; e

3.    o ganho fiscal em longo prazo, resultante do fato de que a capacidade produtiva da economia será maior nos próximos anos, viabilizando o crescimento da demanda sem pressão inflacionária, maior Produto Interno Bruto (PIB) e arrecadação fiscal mais elevada.

O governo social-desenvolvimentista justifica a existência do BNDES para corrigir a lógica do mercado, realocando recursos para setores prioritários, mas não tão lucrativos e atraentes para iniciativas particulares.

Em termos de custo fiscal e Orçamento Geral da União, o BNDES pode “fazer mais por menos”, isto é, gerar políticas públicas cujo gasto efetivo sai por cerca de 10% do custo fiscal potencial. São nove vezes mais, desde que o Índice de Basileia exige 11% do capital para cobertura dos empréstimos.

As alocações orçamentárias da União para ele se transformam em reservas para alavancar empréstimos. Os empréstimos do banco público possuem impacto suficiente para multiplicar a quantidade de dinheiro na economia, exacerbando ciclos de expansão ou atuando contra ciclo de queda.

Os neoliberais, quando estiveram no poder, colocaram nos bancos públicos a função de carregar títulos de dívida pública, dando ao governo certa autonomia em relação aos bancos privados. A missão principal deles passou a ser obter lucros para pagar dividendos ao Tesouro Nacional, elevando o superávit primário. O BNDES, antes, apenas financiava a privatização do patrimônio público, executando o Programa Nacional de Desestatização.

Os neoliberais chegaram até mesmo a questionar, embora não obtivessem apoio político para mudar, o que consideram um dogma ideológico: o banco público usar, exclusivamente, os fundos sociais, evitando obtenção de lucros pelos bancos privados com dinheiro público.


ernando Nogueira da Costa
É professor livre-docente do IE-Unicamp. Autor de “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012), ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2007)
- See more at: http://brasildebate.com.br/papel-dos-bancos-publicos-na-visao-da-oposicao-neoliberal/#sthash.d1abWMcS.dpuf
Fernando Nogueira da Costa é professor livre-docente do IE-Unicamp. Autor de “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012), ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2007)




ernando Nogueira da Costa
É professor livre-docente do IE-Unicamp. Autor de “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012), ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2007)
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Crédito da foto : Instituto Socioambiental

Fonte: See more at: http://brasildebate.com.br/papel-dos-bancos-publicos-na-visao-da-oposicao-neoliberal/#sthash.d1abWMcS.dpuf

Papel dos bancos públicos na visão da oposição neoliberal


Mansueto Facundo de Almeida Jr já assumiu os seguintes cargos públicos: coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda (1995-1997), na equipe de Pedro Malan, assessor da Comissão de Desenvolvimento Regional e de Turismo do Senado Federal (2005-2006) e Assessor Econômico do Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). É funcionário de carreira do IPEA em Brasília, mas, a partir de junho de 2014, passou a gozar de licença sem vencimento do órgão público para escrever seus panfletos oposicionistas mais à vontade como assessor do candidato Aécio, herdeiro da dinastia dos Neves de São João d’El Rey – MG.

No panfleto postado em seu blog no dia 6 de outubro de 2014 – “O papel dos bancos públicos na visão do governo” –, inicia destratando a Presidenta da República ao caluniá-la como mentirosa por ela ter dito que, “se a oposição ganhar a eleição, os subsídios terminariam, o que ocasionaria juros mais elevados e redução do investimento em infraestrutura”. Paradoxalmente, ele escreve seu panfleto confirmando exatamente essa impressão da Presidenta!

O objeto do maior queixume choramingueiro é a atuação proativa do BNDES. De fato, em pleno período anterior ao “apagão de 2001”, o BNDES emprestou de 1997 a 1999 apenas R$ 19 bilhões, anualmente, e só passou para o patamar de R$ 26 bilhões em 2000 e 2001.

Depois, o BNDES passou a ter um papel ativo no governo social-desenvolvimentista e o valor anual, nos últimos dois anos, está em torno de R$ 190 bilhões. Por exemplo, financiou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior do mundo, cujo empréstimo de R$ 22,5 bilhões para o projeto foi o maior da história do banco, correspondendo a 78% do total (R$ 28,9 bilhões) a ser investido na hidrelétrica.

A crítica oposicionista à atuação recente do BNDES é que ela seria baseada em concessão de “subsídio” e “favorecimento” ao organizar grandes empreendimentos em associação com grandes empresas brasileiras. Com essa “escolha dos parceiros estratégicos”, ele ofereceria subsídios e incentivaria a formação de conglomerados que, sob o argumento de melhoria da competitividade da indústria brasileira, atentariam contra o livre-mercado.

Não cabe essa crítica de “favorecimento”, pois qualquer escolha de setores prioritários na estratégia de crescimento explicitada no PAC (Programa de Aceleração Econômica), evidentemente, exigia selecionar as empresas contempladas com financiamento. Isto foi realizado, transparentemente, inclusive as empresas foram nomeadas no site do Banco.

Defender isonomia entre empréstimos dirigidos aos grandes grupos, responsáveis pelos principais projetos em andamento, principalmente ligados à Petrobras, e às micros, pequenas e médias empresas era desculpa antes adotada para não se escolher o caminho do desenvolvimento. Era, então, coerente com a atitude passiva pro mercado. Em nome de “não privilegiar clientes”, emprestava apenas para se privatizar o patrimônio público!

O oposicionista a favor do livre-mercado estima o custo anual do subsídio, comparando o custo atual do financiamento da dívida pública (SELIC) com a TJLP. Aplica essa diferença ao montante da capitalização do Banco por seu controlador, o Tesouro Nacional, via empréstimo em longo prazo. Faz cálculos estáticos para resultados dinâmicos. Não contempla o investimento multiplicador de renda, a elevação da arrecadação fiscal e nem o pagamento futuro de dividendos. O valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. Poderá ser bem menor do que a quantia então estimada, ocorrendo uma futura convergência da TJLP e da Selic.

Sem visão estratégica sobre a obtenção de crescimento sustentado em longo prazo, a oposição só destaca o impacto fiscal dos empréstimos da União ao BNDES. Dado que os empréstimos têm custo indexado majoritariamente pela TJLP, haveria, em princípio, “subsídio” igual à diferença entre o custo de mercado do financiamento da União, baseado em Selic, e a TJLP. Esse cálculo, visto isoladamente, pode suscitar conclusões equivocadas, pois ignora os ganhos fiscais resultantes das operações viabilizadas pelo empréstimo da União, entre eles:

1.    o lucro do BNDES, que retorna à União por meio de dividendos, tributos e lucros retidos;

2.    o ganho fiscal em curto prazo, decorrente da expansão do produto e da renda da economia; e

3.    o ganho fiscal em longo prazo, resultante do fato de que a capacidade produtiva da economia será maior nos próximos anos, viabilizando o crescimento da demanda sem pressão inflacionária, maior Produto Interno Bruto (PIB) e arrecadação fiscal mais elevada.

O governo social-desenvolvimentista justifica a existência do BNDES para corrigir a lógica do mercado, realocando recursos para setores prioritários, mas não tão lucrativos e atraentes para iniciativas particulares.

Em termos de custo fiscal e Orçamento Geral da União, o BNDES pode “fazer mais por menos”, isto é, gerar políticas públicas cujo gasto efetivo sai por cerca de 10% do custo fiscal potencial. São nove vezes mais, desde que o Índice de Basileia exige 11% do capital para cobertura dos empréstimos.

As alocações orçamentárias da União para ele se transformam em reservas para alavancar empréstimos. Os empréstimos do banco público possuem impacto suficiente para multiplicar a quantidade de dinheiro na economia, exacerbando ciclos de expansão ou atuando contra ciclo de queda.

Os neoliberais, quando estiveram no poder, colocaram nos bancos públicos a função de carregar títulos de dívida pública, dando ao governo certa autonomia em relação aos bancos privados. A missão principal deles passou a ser obter lucros para pagar dividendos ao Tesouro Nacional, elevando o superávit primário. O BNDES, antes, apenas financiava a privatização do patrimônio público, executando o Programa Nacional de Desestatização.

Os neoliberais chegaram até mesmo a questionar, embora não obtivessem apoio político para mudar, o que consideram um dogma ideológico: o banco público usar, exclusivamente, os fundos sociais, evitando obtenção de lucros pelos bancos privados com dinheiro público.

Crédito da foto da página inicial: Instituto Socioambiental

Fonte: See more at: http://brasildebate.com.br/papel-dos-bancos-publicos-na-visao-da-oposicao-neoliberal/#sthash.d1abWMcS.dpufMansueto Facundo de Almeida Jr já assumiu os seguintes cargos públicos: coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda (1995-1997), na equipe de Pedro Malan, assessor da Comissão de Desenvolvimento Regional e de Turismo do Senado Federal (2005-2006) e Assessor Econômico do Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). É funcionário de carreira do IPEA em Brasília, mas, a partir de junho de 2014, passou a gozar de licença sem vencimento do órgão público para escrever seus panfletos oposicionistas mais à vontade como assessor do candidato Aécio, herdeiro da dinastia dos Neves de São João d’El Rey – MG.
No panfleto postado em seu blog no dia 6 de outubro de 2014 – “O papel dos bancos públicos na visão do governo” –, inicia destratando a Presidenta da República ao caluniá-la como mentirosa por ela ter dito que, “se a oposição ganhar a eleição, os subsídios terminariam, o que ocasionaria juros mais elevados e redução do investimento em infraestrutura”. Paradoxalmente, ele escreve seu panfleto confirmando exatamente essa impressão da Presidenta!
O objeto do maior queixume choramingueiro é a atuação proativa do BNDES. De fato, em pleno período anterior ao “apagão de 2001”, o BNDES emprestou de 1997 a 1999 apenas R$ 19 bilhões, anualmente, e só passou para o patamar de R$ 26 bilhões em 2000 e 2001.
Depois, o BNDES passou a ter um papel ativo no governo social-desenvolvimentista e o valor anual, nos últimos dois anos, está em torno de R$ 190 bilhões. Por exemplo, financiou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior do mundo, cujo empréstimo de R$ 22,5 bilhões para o projeto foi o maior da história do banco, correspondendo a 78% do total (R$ 28,9 bilhões) a ser investido na hidrelétrica.
A crítica oposicionista à atuação recente do BNDES é que ela seria baseada em concessão de “subsídio” e “favorecimento” ao organizar grandes empreendimentos em associação com grandes empresas brasileiras. Com essa “escolha dos parceiros estratégicos”, ele ofereceria subsídios e incentivaria a formação de conglomerados que, sob o argumento de melhoria da competitividade da indústria brasileira, atentariam contra o livre-mercado.
Não cabe essa crítica de “favorecimento”, pois qualquer escolha de setores prioritários na estratégia de crescimento explicitada no PAC (Programa de Aceleração Econômica), evidentemente, exigia selecionar as empresas contempladas com financiamento. Isto foi realizado, transparentemente, inclusive as empresas foram nomeadas no site do Banco.
Defender isonomia entre empréstimos dirigidos aos grandes grupos, responsáveis pelos principais projetos em andamento, principalmente ligados à Petrobras, e às micros, pequenas e médias empresas era desculpa antes adotada para não se escolher o caminho do desenvolvimento. Era, então, coerente com a atitude passiva pro mercado. Em nome de “não privilegiar clientes”, emprestava apenas para se privatizar o patrimônio público!
O oposicionista a favor do livre-mercado estima o custo anual do subsídio, comparando o custo atual do financiamento da dívida pública (SELIC) com a TJLP. Aplica essa diferença ao montante da capitalização do Banco por seu controlador, o Tesouro Nacional, via empréstimo em longo prazo. Faz cálculos estáticos para resultados dinâmicos. Não contempla o investimento multiplicador de renda, a elevação da arrecadação fiscal e nem o pagamento futuro de dividendos. O valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. Poderá ser bem menor do que a quantia então estimada, ocorrendo uma futura convergência da TJLP e da Selic.
Sem visão estratégica sobre a obtenção de crescimento sustentado em longo prazo, a oposição só destaca o impacto fiscal dos empréstimos da União ao BNDES. Dado que os empréstimos têm custo indexado majoritariamente pela TJLP, haveria, em princípio, “subsídio” igual à diferença entre o custo de mercado do financiamento da União, baseado em Selic, e a TJLP. Esse cálculo, visto isoladamente, pode suscitar conclusões equivocadas, pois ignora os ganhos fiscais resultantes das operações viabilizadas pelo empréstimo da União, entre eles:
1. o lucro do BNDES, que retorna à União por meio de dividendos, tributos e lucros retidos;
2. o ganho fiscal em curto prazo, decorrente da expansão do produto e da renda da economia; e
3. o ganho fiscal em longo prazo, resultante do fato de que a capacidade produtiva da economia será maior nos próximos anos, viabilizando o crescimento da demanda sem pressão inflacionária, maior Produto Interno Bruto (PIB) e arrecadação fiscal mais elevada.
O governo social-desenvolvimentista justifica a existência do BNDES para corrigir a lógica do mercado, realocando recursos para setores prioritários, mas não tão lucrativos e atraentes para iniciativas particulares.
Em termos de custo fiscal e Orçamento Geral da União, o BNDES pode “fazer mais por menos”, isto é, gerar políticas públicas cujo gasto efetivo sai por cerca de 10% do custo fiscal potencial. São nove vezes mais, desde que o Índice de Basileia exige 11% do capital para cobertura dos empréstimos.
As alocações orçamentárias da União para ele se transformam em reservas para alavancar empréstimos. Os empréstimos do banco público possuem impacto suficiente para multiplicar a quantidade de dinheiro na economia, exacerbando ciclos de expansão ou atuando contra ciclo de queda.
Os neoliberais, quando estiveram no poder, colocaram nos bancos públicos a função de carregar títulos de dívida pública, dando ao governo certa autonomia em relação aos bancos privados. A missão principal deles passou a ser obter lucros para pagar dividendos ao Tesouro Nacional, elevando o superávit primário. O BNDES, antes, apenas financiava a privatização do patrimônio público, executando o Programa Nacional de Desestatização.
Os neoliberais chegaram até mesmo a questionar, embora não obtivessem apoio político para mudar, o que consideram um dogma ideológico: o banco público usar, exclusivamente, os fundos sociais, evitando obtenção de lucros pelos bancos privados com dinheiro público.
Crédito da foto da página inicial: Instituto Socioambiental
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Mansueto Facundo de Almeida Jr já assumiu os seguintes cargos públicos: coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda (1995-1997), na equipe de Pedro Malan, assessor da Comissão de Desenvolvimento Regional e de Turismo do Senado Federal (2005-2006) e Assessor Econômico do Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). É funcionário de carreira do IPEA em Brasília, mas, a partir de junho de 2014, passou a gozar de licença sem vencimento do órgão público para escrever seus panfletos oposicionistas mais à vontade como assessor do candidato Aécio, herdeiro da dinastia dos Neves de São João d’El Rey – MG.
No panfleto postado em seu blog no dia 6 de outubro de 2014 – “O papel dos bancos públicos na visão do governo” –, inicia destratando a Presidenta da República ao caluniá-la como mentirosa por ela ter dito que, “se a oposição ganhar a eleição, os subsídios terminariam, o que ocasionaria juros mais elevados e redução do investimento em infraestrutura”. Paradoxalmente, ele escreve seu panfleto confirmando exatamente essa impressão da Presidenta!
O objeto do maior queixume choramingueiro é a atuação proativa do BNDES. De fato, em pleno período anterior ao “apagão de 2001”, o BNDES emprestou de 1997 a 1999 apenas R$ 19 bilhões, anualmente, e só passou para o patamar de R$ 26 bilhões em 2000 e 2001.
Depois, o BNDES passou a ter um papel ativo no governo social-desenvolvimentista e o valor anual, nos últimos dois anos, está em torno de R$ 190 bilhões. Por exemplo, financiou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior do mundo, cujo empréstimo de R$ 22,5 bilhões para o projeto foi o maior da história do banco, correspondendo a 78% do total (R$ 28,9 bilhões) a ser investido na hidrelétrica.
A crítica oposicionista à atuação recente do BNDES é que ela seria baseada em concessão de “subsídio” e “favorecimento” ao organizar grandes empreendimentos em associação com grandes empresas brasileiras. Com essa “escolha dos parceiros estratégicos”, ele ofereceria subsídios e incentivaria a formação de conglomerados que, sob o argumento de melhoria da competitividade da indústria brasileira, atentariam contra o livre-mercado.
Não cabe essa crítica de “favorecimento”, pois qualquer escolha de setores prioritários na estratégia de crescimento explicitada no PAC (Programa de Aceleração Econômica), evidentemente, exigia selecionar as empresas contempladas com financiamento. Isto foi realizado, transparentemente, inclusive as empresas foram nomeadas no site do Banco.
Defender isonomia entre empréstimos dirigidos aos grandes grupos, responsáveis pelos principais projetos em andamento, principalmente ligados à Petrobras, e às micros, pequenas e médias empresas era desculpa antes adotada para não se escolher o caminho do desenvolvimento. Era, então, coerente com a atitude passiva pro mercado. Em nome de “não privilegiar clientes”, emprestava apenas para se privatizar o patrimônio público!
O oposicionista a favor do livre-mercado estima o custo anual do subsídio, comparando o custo atual do financiamento da dívida pública (SELIC) com a TJLP. Aplica essa diferença ao montante da capitalização do Banco por seu controlador, o Tesouro Nacional, via empréstimo em longo prazo. Faz cálculos estáticos para resultados dinâmicos. Não contempla o investimento multiplicador de renda, a elevação da arrecadação fiscal e nem o pagamento futuro de dividendos. O valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. Poderá ser bem menor do que a quantia então estimada, ocorrendo uma futura convergência da TJLP e da Selic.
Sem visão estratégica sobre a obtenção de crescimento sustentado em longo prazo, a oposição só destaca o impacto fiscal dos empréstimos da União ao BNDES. Dado que os empréstimos têm custo indexado majoritariamente pela TJLP, haveria, em princípio, “subsídio” igual à diferença entre o custo de mercado do financiamento da União, baseado em Selic, e a TJLP. Esse cálculo, visto isoladamente, pode suscitar conclusões equivocadas, pois ignora os ganhos fiscais resultantes das operações viabilizadas pelo empréstimo da União, entre eles:
1. o lucro do BNDES, que retorna à União por meio de dividendos, tributos e lucros retidos;
2. o ganho fiscal em curto prazo, decorrente da expansão do produto e da renda da economia; e
3. o ganho fiscal em longo prazo, resultante do fato de que a capacidade produtiva da economia será maior nos próximos anos, viabilizando o crescimento da demanda sem pressão inflacionária, maior Produto Interno Bruto (PIB) e arrecadação fiscal mais elevada.
O governo social-desenvolvimentista justifica a existência do BNDES para corrigir a lógica do mercado, realocando recursos para setores prioritários, mas não tão lucrativos e atraentes para iniciativas particulares.
Em termos de custo fiscal e Orçamento Geral da União, o BNDES pode “fazer mais por menos”, isto é, gerar políticas públicas cujo gasto efetivo sai por cerca de 10% do custo fiscal potencial. São nove vezes mais, desde que o Índice de Basileia exige 11% do capital para cobertura dos empréstimos.
As alocações orçamentárias da União para ele se transformam em reservas para alavancar empréstimos. Os empréstimos do banco público possuem impacto suficiente para multiplicar a quantidade de dinheiro na economia, exacerbando ciclos de expansão ou atuando contra ciclo de queda.
Os neoliberais, quando estiveram no poder, colocaram nos bancos públicos a função de carregar títulos de dívida pública, dando ao governo certa autonomia em relação aos bancos privados. A missão principal deles passou a ser obter lucros para pagar dividendos ao Tesouro Nacional, elevando o superávit primário. O BNDES, antes, apenas financiava a privatização do patrimônio público, executando o Programa Nacional de Desestatização.
Os neoliberais chegaram até mesmo a questionar, embora não obtivessem apoio político para mudar, o que consideram um dogma ideológico: o banco público usar, exclusivamente, os fundos sociais, evitando obtenção de lucros pelos bancos privados com dinheiro público.
Crédito da foto da página inicial: Instituto Socioambiental
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A ONDA DERRADEIRA É PARA VALER: É DILMA

Por Lula Miranda

Quem diria, hein? Foi o “menino do Rio” quem surfou a última onda do primeiro turno nas eleições para a Presidência. E, ironia do destino, ajudou a eleger o seu “amigo” Serra para o Senado.

E não é que, como ele havia mesmo prometido, foi o Aécio quem surfou a última onda e venceu, de modo espetacular, a primeira bateria do campeonato de surf, digo, o primeiro turno da eleição para presidente da República?

Dizem que Aécio, quando jovem, e ele, sabemos, faz o gênero “forever young”, era chegado, como todo jovem, a tomar uns goles e fazer umas farras; curtir uma vida de playboy enfim – ou de bon vivant, como ele por vezes se autointitula(va). E, vez em quando, gostava de pegar uma onda no mar um tanto gelado da zona sul da dita cidade maravilhosa. Coisa de jovem, nada que o desqualifique para a disputa presidencial, muito pelo contrário – como, aliás, parece ter demonstrado o resultado da eleição em primeiro turno.

É muita onda! Para pouco mar – notadamente, ao que se depreende, para o gosto da população de Minas Gerais, Rio de Janeiro e de quase todos os estados do Nordeste. Mas, entre tantos, tontos e tantas as ondas no mar e as criaturas na praia, é curiosa e até aceitável (e desculpável), por alguns aspectos, essa comparação da eleição presidencial com um campeonato de surf, senão vejamos.

Primeiro tivemos a onda pró-Marina. A grande mídia de negócios e negociantes do eixo Rio-São Paulo decidiu-se, num dado momento, que a “onda” era eleger Marina Silva – se possível já no primeiro turno.

A candidata Marina chegou a ter, segundo as sondagens de intenção de voto de algumas pesquisas devidamente ajustadas, algo perto de 50% dessas intenções e poderia, segundo a torcida de analistas mais afoitos, até liquidar a disputa já no primeiro turno – se o candidato tucano abrisse mão da sua candidatura, claro.

Mas, parafraseando e contrariando famosa formulação, tudo que não é sólido se desmancha no ar. E Marina se desmilinguiu, tal qual um “Russomanno de saias”, na chamada “reta final” do pleito, nas últimas duas semanas que antecederam a abertura das urnas.

A grande mídia, a classe média e boa parte da elite conservadora, num dado momento da corrida eleitoral, você ainda deve se lembrar, chegou a ameaçar abandonar a candidatura Aécio. Quando as mal afamadas pesquisas chegaram a cravar que este despencara para  algo em torno de 14% das intenções de votos, alguns tucanos graúdos, e até mesmo um dos coordenadores da campanha do candidato, chegaram a lhe sugerir que “jogasse a toalha”, que abandonasse a disputa e fosse cuidar de Minas.

Já pensou se Aécio tivesse seguido esse conselho? Já pensou se ele tivesse deixado se abater pelas contingências das ondas?

Então, pelos variados movimentos desta eleição, acima relembrados, percebe-se que muita onda já rolou por essas praias tão poluídas e mares infestadas de tubarões.

Lembro-me do prematuro desespero de alguns petistas quando as pesquisas, salvo engano a do Datafolha, dava que Dilma perderia a eleição para Marina no segundo turno por uma diferença de 10 pontos percentuais – ou seja, por uma margem de cerca  de 10 a 14 milhões de votos. Pura onda. Pura balela. Ou seria a mera expressão de um desejo, de uma vontade?

Agora, dirão as pesquisas e as TVs, e os jornais e os jornalistas, muito provavelmente, Aécio ganhará. Qual será a margem agora? Seis? Oito? Dez pontos percentuais à frente?

Agora, pode-se esperar, os supostos “escândalos” de corrupção do PT e dos partidos de sua base aliada – nenhum do tucano – ocupará diuturnamente o noticiário até o dia da eleição.

Ora! Embora seja válida e simpática a metáfora, eleição não é de fato um campeonato de surf – quando quem surfa a última e boa onda, na derradeira bateria, ganha a disputa.

Eleição é algo um pouco mais terra-terra, e com os dois pés bem plantados na realidade. Nem tão à mercê da imprevisibilidade das marés.

Uma eleição presidencial está baseada/lastreada em fatores objetivos, na realidade dos fatos da vida real – com o perdão da pedagogia do pleonasmo, novamente.

Uma disputa para presidente deve estar baseada na análise dos fatos, na competência, na trajetória, no currículo e nas realizações dos candidatos.

A escolha entre dois candidatos numa eleição para presidente da Republica está inevitavelmente sujeita a avaliação, pelos eleitores, insisto em chamar-lhe de volta à realidade, da trajetória e das realizações dos candidatos, e também dos partidos políticos envolvidos nessa disputa.

E, com os pés bem fincados na realidade, para além dos movimentos movediços das ondas de ocasião, parece-me evidente e cristalino que a atual presidente que concorre à reeleição, Dilma Rousseff, é a melhor candidata e deve ganhar essa eleição. A menos, é claro, que os petistas “joguem a toalha”.

E por que Dilma deverá ganhar?

Porque os governos petistas foram muito melhores que os governos tucanos. Isto é fato. Inequívoco. Inquestionável.

Porque Dilma tem inúmeras realizações para mostrar. E Aécio? Só promessas?

Porque o candidato tucano não ganhou a eleição nem no estado em que governou!

Porque Dilma tem o apoio dos sindicatos e das centrais sindicais mais importantes, dos movimentos sociais, dos principais artistas e intelectuais desse país e, principalmente, o apoio da maioria do povo brasileiro.

Porque o PT tem uma militância ideológica, aguerrida, que, conforme já disse aqui, “chega chegando”.

Porque dessa vez não estão sequer tendo o cuidado nem o pudor de ao menos esconder FHC e suas reais intenções, preconceitos e descomposturas.

Para o Aécio ganhar não basta apenas o desejo e a vontade da Folha, do Estadão, da/do Globo e da revista Veja – ou, tampouco, o desejo e vontade de uma classe média arrivista e conservadora, hipnotizada pelo som da flauta de uma mídia de negócios e cega pelo seu egoísmo patrimonialista.

Não basta a deslavada traição ou incongruência de partidos como PSB e PV em emprestar o seu apoio ao retrocesso tucano.

O que nos reservará a Rede? Em que armadilha ou desculpa esfarrapada irá se enredar?

Dilma deverá ganhar porque a onda boa e derradeira é a “onda Dilma”.

E, em 2018, já se vê no horizonte, uma outra “onda” chamada Lula se agiganta. 


Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/156475/A-onda-derradeira-%C3%A9-para-valer-%C3%A9-Dilma.htm