Mudanças tecnológicas, novos padrões de
competitividade nos mercados, declínio econômico de regiões e surgimento de
outras marcaram as últimas décadas do século XX. A tendência é a persistência
dessas marcas no século XXI, desafiando teorias e políticas de desenvolvimento.
Agrava esse desafio, a noção de desenvolvimento sustentável enquanto referência de
diminuição dos desequilíbrios territoriais e de equacionamento das
desigualdades sociais.
A ideia de
sustentabilidade surgiu de estudos sobre a interdependência de uma determinada
população e os recursos de seu ambiente; depois se ampliou para relações entre
desenvolvimento e meio ambiente, em que as dimensões econômica, cultural,
ambiental e social foram consideradas indissociáveis. Assim, benefícios e custos
de uso e conservação dos recursos ambientais devem ser compartilhados pelos
diferentes grupos de interesses, por pobres e ricos, entre a geração atual e as
gerações vindouras.
Só será sustentável, o desenvolvimento que
estabelecer compromissos entre gerações quanto ao equilíbrio das políticas de
crescimento econômico, de conservação, de proteção e de preservação dos
recursos socioambientais (natureza e cultura). Compromissos que se realizam por
meio de movimentos políticos e culturais de transformação da
sociedade.
Sob essa compreensão, o desenvolvimento sustentável é muito mais do que
a conservação, a proteção ou a preservação do meio ambiente. É uma referência
no campo das possibilidades de transição para uma nova sociedade e para
qualificar políticas públicas, práticas sociais ou empreendimentos com base nos
princípios da sustentabilidade.
Em suma, promover o desenvolvimento social
(qualidade) e crescer economicamente (quantidade), ao mesmo tempo, requer o
aproveitamento das potencialidades dos recursos com precaução e respeito às
fragilidades e aos limites de sustentabilidade dos sistemas naturais e
culturais.
Fonte: jornal O POVO - 2011