segunda-feira, 26 de maio de 2014

REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI

Por Joaquim Cartaxo

A Lei Complementar Estadual 78/2009 institucionalizou a Região Metropolitana do Cariri (RMC) no sul do Ceará. Constituída pelos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri contém um polo de cidades com condições de compartilhar com a Região Metropolitana de Fortaleza a atração de pessoas, atividades e absorver o crescimento urbano.

Criar a RMC foi uma conquista. Agora, organizá-la e planejá-la gerarão oportunidades de fortalecê-la, contribuindo para reduzir o desequilíbrio entre cidades e regiões cearenses. Assim, propomos uma política de desenvolvimento metropolitano com a seguinte agenda:

  • Visão de longo prazo pactuada com a sociedade a partir da sustentabilidade socioambiental e equidade socioterritorial
  • Participação popular com garantia de compartilhamento de ideias, compromissos e acesso aos processos decisórios;
  • Melhor estar das pessoas, fomentando o desenvolvimento urbano e regional por meio de oportunidades de crescimento econômico, com distribuição de renda e riqueza entre pessoas, cidades e região; ofertando e gerindo serviços públicos de qualidade; garantindo acesso aos bens culturais;
  • Gestão com fins fundados no compromisso da busca continuada da melhoria das condições de vida e trabalho das pessoas, medida por instrumentos e indicadores que, por sua vez, orientam a formulação dos programas governamentais, alocação dos recursos, monitoramento e atualização das ações;
  • Integração de políticas e programas com o objetivo de otimizar resultados, fortalecer, dinamizar cidades e a região;
  • Cooperação e parcerias sociedade-governo como mecanismos de compartilhamento político de responsabilidades no planejamento, financiamento e gestão dos investimentos.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE

Fonte: jornal O POVO de 26 de maio de 2014



DE VÍCIOS MUITOS E VIRTUDES POUCAS








Por Romeu Duarte



Ensina o dicionário que vício, substantivo masculino, significa disposição habitual para certo mal, mau costume, ação indecorosa ou libertina, imperfeição grave ou defeito, tendo como sinônimos pecado e perversão. Derivado do latim vitium, geralmente correspondendo a falha, constitui-se num hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem, tendo como antônimo, ou oposto, a virtude. Péssimos adjetivos são costumeiramente dispensados a quem desenvolve tais reprováveis rotinas, sendo este, no limite, afastado pela sociedade de suas relações. O degenerado acaba não tendo outro destino senão o de pária, o excluído de todas as rodas, os dedos apontados ao cachimbo que faz a boca torta.
Sem querer dar uma de Émile Zola, apenas registrando alguns aspectos que me parecem, neste particular, dignos de nota nesta nossa mais que sofrida cidade, refiro-me a alguns comportamentos reprováveis, quiçá já se transformando em sombria tradição. Não, não me refiro à renitente roda de baralho da Barão do Rio Branco com São Paulo, movida a café e cigarro, ou ao troca-troca alucinado de figurinhas da Copa nas bancas de revista. Inicio pelos modos e maneiras de nossas maiores torcidas uniformizadas, em seu obstinado afã de destruir seus times e, de roldão, o futebol cearense. Ah, com que prazer se esmeram, alvinegros e tricolores de camisas a serviço do capeta, em fazer do pebol alencarino uma batalha sem quartel e afugentar dos estádios os verdadeiros torcedores, aqueles pacíficos.
Claro que não vou me ocupar aqui da radical lourificação das mulheres fortalezenses (Iracemas pós-pós-modernas lutando contra o relógio?). Na mesma linha, nenhuma palavra sobre a destruição de nossas lídimas manifestações culturais, já que nada mais up-to-date do que uma tapiocaria gourmet aninhada sob os escombros da Chácara Flora. Prefiro denunciar o truculento modus operandi de nossa gloriosa polícia reservado a manifestantes com causa e, de forma especial, aos nossos destemidos jornalistas, comprometidos com a tarefa diuturna de revelar-nos a realidade. Em suma, a sola assola, come de esmola, faz escola e amola o gume da aguda apartação social. Por certo, a droga é a causa de inúmeros males, os quais não serão resolvidos somente pelo intenso brilho das caras Hylux novas em folha.
Curiosos olhos sobre meus ombros pedem-me para inventariar as manias feias dos moradores da Loura. Dentre outras, vá lá: os motoristas ronceiros, useiros e vezeiros em estacionar na calçada, andar devagar, segurando fila de carros com o celular na orelha, e fechar cruzamento; o político grosseiro e ainda influente, mesmo na descida da rampa, a desqualificar adversários e correligionários com palavrões vindos dos seus maus bofes; o emporcalhamento de caso pensado da cidade por seus habitantes, todos acólitos do deus Lixo; combinado, nenhuma palavra quanto aos tratamentos rústicos e incivilizados que ainda abundam em nosso meio (quando o século XVIII dará adeus ao Ceará?), o brucutu aos berros navegando na internet; o vezo adversativo do povo, o qual atesta que o rapaz é gente fina, mas...
É tanta coisa ruim que eu vou dizer... Agora, aqui para nós, a pior de todas, já se perpetuando como uma característica de nossas infelizes administrações municipais, é esse negócio de intervir na cidade sem qualquer tipo de planejamento prévio, de realizar obras ao bel prazer de gerentes iluminados, desconsiderando o conhecimento, a inteligência e a sensibilidade e, por que não dizer, o direito que todos temos, como cidadãos pagadores de impostos, de analisar, criticar e propor o que se pretende fazer como melhoria urbana. Fortaleza está em pé de guerra e não é só porque os black-blocs estão pintando de preto o Benfica ou pelo fato dos emos se acorrentarem às árvores da ameaçada Praça Portugal. Há por parte da população um franco desejo de participar e colaborar para dar um rumo a esta urbe. Que este não seja desperdiçado. 
Fonte: jornal O POVO de 26 de maio de 2014.

domingo, 25 de maio de 2014

O PAPEL DECISIVO DE LULA NA CAMPANHA

Por Antonio Lassance





A última pesquisa Ibope (maio 2014) mostrou que Dilma voltou a crescer, continua tendo chances de vitória no primeiro turno e, se houver segundo turno, enfrentaria um candidato "com o cheiro da derrota" - para usarmos a expressão de Marina Silva que, pelas pesquisas, serve tanto para Aécio quanto para a sua candidatura do PSB, com Eduardo Campos.

O mais significativo resultado foi que Dilma demonstrou ter reagido ao arrastão partidário-midiático que se fez contra ela e interrompeu a tendência de queda que a acompanhava até então.

Sua reação começou com o pronunciamento para o 1° de maio. A defesa da política social como eixo do desenvolvimento voltou a falar mais alto no discurso presidencial do que a pauta reativa. Depois, as aparições no programa partidário do PT e a propaganda dos "Fantasmas do Passado"  também ajudaram.

A pauta partidário-midiática está se consolidando em torno de quatro pontos cardeais para a campanha: Copa, inflação, Petrobrás e antipetismo.

De agora até as eleições, além de redirecionar o eixo do debate, o desafio da presidenta é administrar bem os riscos em torno de cada uma dessas questões. Isso equilibraria o jogo.

Com a política, os políticos e os partidos em baixa na visão do eleitorado, a campanha deste ano tende a ser uma disputa entre rejeições - fator que deve pesar em maior medida agora que nas anteriores.

Mais que Dilma, é Lula quem deve partir para o ataque e fazer a diferenciação com os outros candidatos.

O papel de Dilma é o de assumir compromissos com mudanças, apontar rumos e dizer o que e como pretende fazer diferente. Mostrar que pode realizar um governo melhor, como Lula conseguiu, em seu segundo mandato, após superar as dificuldades de seus primeiros quatro anos, é um bom mote para a própria Dilma.

Será de Lula o papel de mostrar quem são os outros. Não necessariamente falar mal dos demais candidatos - isso também -, mas deixar claro quem e o que eles representam.

Em maio, Lula já se mostrou um fator decisivo. O mês marcou o início de uma maior exposição do ex-presidente. Ele viajou mais, falou mais, cutucou mais os adversários. Reforçou que a decisão do PT por Dilma está tomada e não se fala mais nisso. Limpou a área.

A partir do final de junho, quando a candidatura Dilma estiver sacramentada, Lula terá que reeditar quase o mesmo papel que cumpriu em 2010, ou seja, colocar o modo lulista de de fazer política em campo e mostrar que ainda há mais por fazer, e que Dilma é a mais qualificada dentre os candidatos.

É tudo o que Dilma precisa e a oposição não quer: que esta seja, de novo, uma campanha lulista.

A tarefa de Lula não será apenas a de ser o grande puxador de votos de Dilma e dos demais candidatos do PT. Será a de favorecer que a candidatura Dilma adquira um caráter diferente para um segundo mandato.

Diferentemente de 2010, Lula não está no cargo de presidente e o quadro conjuntural é outro, bem mais complicado.

Mesmo assim, o tempo passa, o tempo voa e Lula continua sendo essa figura decisiva na política nacional, não apenas na hora de conquistar votos, mas para empurrar o País na direção de mudanças.



Fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-papel-decisivo-de-Lula-na-campanha/4/31006