domingo, 31 de outubro de 2010

QUE A VERDADE VENÇA A MENTIRA

Domingo que a verdade vença a mentira. Nós estamos chegando na reta final da nossa campanha. Estamos a poucas horas de fazermos uma opção que é muito mais que eleitoral, mas de vida. Será uma opção daquilo que queremos para o presente e para o futuro dos nossos filhos e daqueles que virão depois de nós.
Por Edinho Silva
Sexta-feira, 29 de outubro de 2010

São dois projetos totalmente distintos colocados em disputa. De um lado, a continuidade e o aprofundamento das mudanças provocadas pelo Governo Lula. Do outro, o retrocesso, tudo aquilo que o Brasil vivenciou de forma sofrida durante o Governo FHC.

Nós sabemos que o projeto Lula e Dilma é o projeto da prosperidade, do crescimento econômico, da credibilidade internacional do Brasil. É o projeto que incluiu 28 milhões de brasileiros, tirando nossos irmãos da miséria e que fez com que mais de 30 milhões de trabalhadores ascendessem à classe media. O projeto que gerou mais de 14 milhões de empregos. O projeto do ProUni, do Minha Casa, Minha Vida e do Pré-sal, que é o passaporte para nosso futuro.

Do outro lado, o projeto FHC e Serra nós também sabemos o que representa: desmanche do Estado, o sucateamento das políticas públicas, o aumento da desigualdade social, o enfraquecimento econômico, a submissão aos organismos internacionais. Um Brasil sem credibilidade e que não cuida do seu povo.

Nós sabemos que o melhor para o país é Dilma, para que possamos ter a continuidade desse projeto que realiza os sonhos daqueles que acreditaram no Brasil para todos os brasileiros.

Entretanto, nessas eleições, ao contrário de tudo que conhecemos e vimos no Brasil, estamos disputando mais que um projeto político. Está em disputa também a democracia brasileira.

O que vimos nessas eleições, não tem comparativo. Não existe nada semelhante na história política brasileira. Vimos uma disputa eleitoral travada no submundo da política, nas trevas, na escuridão. Uma campanha de ataques, da desqualificação, da tentativa de destruição da imagem pública de forma covarde, sem que houvesse debate, a troca de ideias, o direito à defesa.

O que temos presenciado no último período é uma grande demonstração de tudo isso. Além da apreensão de panfletos ilegais apócrifos, de denúncias e inquéritos abertos contra os telemarketings com conteúdo difamatório da nossa candidata, vimos também ataques às nossas lideranças.

Os ataques feitos ao Deputado Estadual, Rui Falcão, devem ser repudiados por nós. Uma figura que doou sua vida para a construção da democracia, uma figura pública que ajudou a construir esse projeto vivenciado pelo povo brasileiro. Que foi líder da nossa bancada na Assembleia Legislativa, que ocupou a presidência nacional do PT, Alguém que só fez na sua vida lutar pelos sonhos da sua geração. Rui foi atacado sem que tivesse o direito ao contraditório, o direito de apresentar os seus argumentos e mostrar que tudo aquilo era mentira. Portanto, um ataque covarde.

Outro exemplo dessa tentativa de desqualificação das nossas lideranças são os ataques endereçados ao Gilberto Carvalho, que é exemplo de integridade para todos nós militantes do Partido dos Trabalhadores. É alguém que se dedicou integralmente na construção de uma sociedade marcada pela vida em abundância, alguém que vivência a sua fé e os ideais de uma sociedade sem exclusão social. Gilberto é uma pessoa que respira a ética, exemplo de postura solidária. Portanto, nenhuma dessas tentativas de atacar sua imagem, de desqualificá-lo publicamente, tem ressonância, por tudo aquilo que ele representa, pela sua história de vida. Gilberto Carvalho tem sido uma das figuras mais importantes na construção do governo do presidente Lula, pelo seu papel, pela sua função de Chefe de Gabinete. É nossa tarefa defende-lo e mostrar à sociedade que a verdade, mais uma vez, vai vencer a mentira.

Quero aqui também elencar os ataques feitos ao Pedro Abramovay e demonstrar minha solidariedade. Um jovem líder que tem também uma trajetória muito respeitada por todos nós. É o Ministro da Justiça mais jovem da história da República, já que ocupou esse cargo, quando o Ministro Tardo Genro precisou se afastar em viagem de trabalho.

Por último os ataques feitos ao José Vaccari Neto, nosso histórico sindicalista, construtor da CUT, tesoureiro do PT, militante pela construção de uma sociedade justa e igualitária. Na ânsia de atingir a candidatura Dilma e o PT, mais um companheiro é acusado sem ter o mínimo direito de defesa e sem que fatos fossem apresentados contra a sua conduta. Mais um que a sua história falará mais alto que as mentiras.

Todos esses são vitimas desse processo que se construiu nessas eleições. Um processo em que a destruição vale mais que as propostas; a desconstrução vale mais que os projetos para o Brasil.

Não podemos permitir que essa cultura política prospere. A vitória de Dilma significa, portanto, não só a continuidade desse projeto que está mudando a vida de milhões de brasileiros, mas representa também a vitória da verdade sobre a mentira. Com isso nós vamos impedir que métodos que só enfraquecem a democracia possam ser vitoriosos.

Se o submundo, as trevas da política for o método vitorioso, daqui para frente ninguém mais segura os pleitos eleitorais no Brasil, pois uma nova cultura política estará em construção onde o "vale-tudo" prevalecerá sobre a ética e a valorização da verdade, enfraquecendo as nossas instituições que garantem a democracia.

Concluo chamando a atenção dos companheiros, companheiras e todos aqueles que simpatizam com nossas propostas e ajudaram a construir essa história: encham o peito, levantem a cabeça, sintam orgulho desse projeto que tem colocado o Brasil de pé perante o mundo e que tem feito do nosso país uma Nação de igualdade de oportunidades.

Vamos, com garra, aquela mesma que fez com que transformássemos muitos sonhos em realidade, até domingo conversar, convencer com as nossas propostas os indecisos ou aqueles que não entenderam a real disputa dessa eleição e com isso, construir a nossa vitória.

Que possamos manter o Brasil nesse caminho e que a democracia, que foi construída com muito sofrimento, mortes e torturas, possa prevalecer e ser vitoriosa.

Dilma Presidente, em nome do projeto de um Brasil forte e justo, em nome da verdade e da democracia brasileira.

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (2001-2008), deputado estadual eleito e Presidente do PT/SP.

DISCURSO DO PRESIDENTE LULA (18/10/10)

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de premiação “As Empresas mais admiradas do Brasil”, promovida pela revista Carta Capital publicado no Blog do Zé Dirceu.

São Paulo-SP, 18 de outubro de 2010


Meus queridos companheiros ministros Guido Mantega, da Fazenda; Carlos Gabas, da Previdência Social; Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e Orlando Silva, do Esporte,
Meu querido companheiro Roberto Requião, ex-governador do Paraná e futuro senador da República, e sua digníssima esposa,
Meu querido companheiro Eduardo Suplicy, senador da República,
Deputados federais: meu querido companheiro ex-ministro, ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo; André Vargas, do Paraná; Brizola Neto, do Rio de Janeiro; e Carlos Zarattini, de São Paulo,
Companheiro... Aliás, Brizola Neto, parabéns pelo teu blog,
Quero cumprimentar o companheiro Mino Carta, querido companheiro diretor da redação da revista Carta Capital,
Quero cumprimentar a companheira Manuela Carta,
Quero cumprimentar o companheiro Abilio Diniz,
Quero cumprimentar o companheiro Roberto Setúbal, por meio de quem cumprimento todos os empresários aqui presentes,
Quero cumprimentar os jornalistas aqui presentes,
Cumprimentar os nossos amigos e amigas aqui presentes,


Mino, primeiro, eu quero te dar os parabéns pelo exercício da democracia, coisa que eu não posso exercitá-la tão livremente como você exercitou hoje, da tribuna, porque quem está falando aqui não é o Lula, mas é a instituição Presidência da República, e eu preciso ser mais comedido do que Vossa Excelência no uso da palavra. Mas assinaria ipsis litteris o que você falou. E como faltam apenas 74 dias, 75, 72 – estou perdendo a conta – para que eu deixe a Presidência da República, Mino, eu vou dizer muitas coisas, depois que eu não for mais presidente, sobre liberdade, sobre democracia, e sobre o gostoso exercício de governar este país.

Eu estava ali sentado ao lado do Mino, ouvindo as palavras do Abilio Diniz. O Abilio Diniz, que em 1989 foi uma das figuras expoentes das eleições sem ser candidato, sem definir em quem ia votar, mas o Abilio tinha sido sequestrado em 1989, e ele foi liberado exatamente no dia ou na véspera do processo eleitoral, em 17 de novembro de 1989, momento em que tentavam vestir, no Abilio Diniz, ou convencê-lo de que era preciso colocar uma camisa do PT para dizer que era o PT que o tinha sequestrado. E hoje, depois desse episódio todo, eu tive uma relação de ódio com os sequestradores do Abilio Diniz – dez anos de ódio, Abilio –, e, já no final do governo passado, eu tive o privilégio de interceder junto ao governo passado, que não compensava o governo terminar com a morte dos sequestradores do Abilio Diniz, que estavam entrando num episódio de greve seca, ou seja, uma greve de fome sem beber sequer água, o que os levaria à morte fatal. Eu fui à cadeia conversar com eles e fui ao Palácio do Planalto conversar com o presidente, no dia 31 de dezembro, e fui conversar com o ministro da Justiça que não compensava. Era preciso que a gente pactuasse um jeito de não precisar morrer ninguém.

Hoje, te ouvindo fazer este discurso aqui, Abilio, eu, que estou no final de um mandato de oito anos, curtíssimo – longuíssimo para quem era oposição, mas curtíssimo para mim, que estava no mandato –, eu sou obrigado a dizer que vale a pena a gente acreditar no ser humano, vale a pena a gente acreditar nas pessoas, vale a pena a gente construir as possibilidades que a vida nos oferece. Eu acho que, possivelmente, aquele sequestro tenha servido de lições e de reflexões para você, tenha servido de acúmulo de ódio para mim.

Durante muito tempo eu achei que eu tinha perdido as eleições por conta daquilo. Depois eu passei a agradecer a Deus o fato de eu ter perdido as eleições e ter ficado 12 anos esperando para chegar à Presidência da República. Cheguei mais calejado, mais preparado, mais desaforado, mais ousado e vencedor de muitos dos preconceitos que se jogava contra mim. Eu lembro que nos momentos de crises profundas, em que alguém colocava dúvida sobre a economia brasileira, eis que tocava o telefone do Palácio do Planalto, era o companheiro Abilio Diniz dizendo: “Presidente, não se preocupe com as mentiras que estão sendo publicadas, porque nós estamos vendendo muito e o povo pobre está tendo acesso ao consumo de alimentos, coisa que não tinha antes”. Aquilo para mim, Abilio, era minha referência de que as coisas estavam acontecendo no nosso país.

Quero agradecer, aqui, o discurso do Roberto Setúbal. Não haveria nenhuma razão para eu estar agradecendo ao meu companheiro banqueiro, Roberto Setúbal, e ele, meu companheiro Roberto Setúbal, fazer um discurso de agradecimento e reconhecimento das coisas que o nosso governo fez. Eu acho que isso é um pouco da prática republicana deste país, de a gente aprender a superar as nossas divergências, estabelecendo uma relação democrática na diversidade, aprender a conviver com as divergências e aprender a construir um país que todos nós queremos que seja construído.

Eu, Mino, tinha um discurso bem feito, elaborado, de 38 páginas, mas eu tenho um problema com o avião, que se eu falar muito, eu não vou sair de Congonhas, tenho que ir até Cumbica para pegar, porque embora eu seja presidente, eu sou respeitador das regras, e eu não quero levantar voo depois das 11 horas, para não aparecer ninguém dizendo que eu estou desrespeitando uma regra que vale para todo mundo.

Mas, eu queria dizer para vocês que eu espero ser convidado depois que eu não for presidente da República, não sei a que título, porque ex-presidente da República é como vaso chinês. Quando você é presidente, você ganha um vaso chinês, você coloca na sua sala, ele ocupa um espaço imenso. Quando você deixa a Presidência, aquele vaso não vale para nada, e onde você vai colocar aquele vaso? No teu apartamento não tem lugar para colocar. E um ex-presidente é mais ou menos como um vaso chinês: não tem utilidade nenhuma. Causa um incômodo porque todo mundo quer saber o que vai fazer um ex-presidente, do que vai viver um ex-presidente, onde vai trabalhar um ex-presidente, de quantos conselhos ele vai participar, quantas palestras ele vai dar. Mas, realmente, não vale nada um ex-presidente. Ele valeria muito se ele ficasse quieto e deixasse o futuro presidente governar o país com tranquilidade, sem dar palpite.

Mas eu, ao terminar este mandato, Mino, e companheiros empresários, companheiros jornalistas e companheiros convidados, eu termino com a consciência tranquila, atendendo a alguns apelos da sociedade brasileira. Eu não sei, Mino, se você sabe – se você não sabe, vai ficar sabendo, para fazer uma matéria para o futuro –, você, que fez a primeira capa da IstoÉ comigo em 1978, portanto, há 20... ou melhor, 30 e poucos anos atrás – hein? Trinta e poucos anos atrás –, eu quero que você saiba que ao entregar a Presidência da República no dia 1º de janeiro, nós estaremos entregando a Presidência da República com a maior quantidade de universidades federais realizadas por um presidente da República, em toda a história republicana. Não apenas universidades federais, mas extensões universitárias, que serão 126 extensões universitárias por todo o território nacional.

Você receberá... o novo presidente receberá este país com o maior investimento em ciência e tecnologia já feito na história deste país, com R$ 41 bilhões investidos até o dia 31 de dezembro, fazendo com que o Brasil ultrapasse a Rússia e a Holanda na publicação de artigos científicos nas revistas especializadas, no mundo inteiro. Você irá... a pessoa... quem assumir a Presidência irá receber um país em que nós teremos feito, em oito anos, uma vez e meia o que foi feito num século, de escolas técnicas neste país, ou seja, são 214 escolas técnicas em oito anos, contra 140 em cem anos neste país.

Este país mudou, este país mudou porque nós acreditamos neste país. Este país mudou porque nós tiramos 28 milhões de pessoas da pobreza e elevamos 36 milhões de brasileiros para a classe média brasileira, transformando a população de classe média em mais de 50% da população brasileira, para comprar mais aço do Gerdau, para comprar mais leite da Nestlé, para comprar mais produtos da Natura, para abrir mais contas no Itaú, para comprar mais no Extra, para comprar mais no Pão de Açúcar, ou seja, para comprar mais as coisas que vocês produzem, fabricam e oferecem ao consumidor brasileiro.

Este país mudou porque a indústria naval brasileira, companheiro José Sergio Gabrielli, que na década de 70 era a indústria naval, a segunda do mundo, e que desapareceu nos anos 90, ressurge em 2010 com 50 mil trabalhadores, com milhões de dólares investidos pela Petrobras, com a construção de plataformas, de sondas, de navios, de grandes petroleiros e estaleiros construídos neste país.

Este país deu um salto de qualidade porque a construção civil brasileira se recuperou, meu querido Miguel Jorge. Desde o governo Geisel, que endividou este país para que a gente tivesse investimento em infraestrutura, que este país não investia em infraestrutura, Guido Mantega. Este país passou 25 anos pagando dívida para poder sobreviver. Graças a Deus, eu vou terminar o mandato, Mino Carta, podendo dizer a vocês que nós – que cinco anos atrás, na Índia, eu imaginava que um dia o Brasil iria ter US$ 100 bilhões de reservas –, nós vamos terminar o mandato, Guido Mantega, se você me ajudar, com US$ 300 bilhões de reservas, para ninguém ter medo de vender para o Brasil ou de comercializar com o Brasil, porque nós teremos dinheiro para pagar as nossas dívidas e não devemos ao FMI. Pelo contrário, eles nos devem, e em vez de eles virem aqui fiscalizar o Brasil, Guido, é você que, de vez em quando, precisa ir fiscalizar o FMI para saber se eles estão fazendo as coisas corretas.

Eu estou vendo, companheiro Mino Carta, a greve na França agora, estou vendo a crise na Espanha, a crise em Portugal, a crise nos Estados Unidos, a crise na Alemanha. Como é que pode um país como a Grécia causar a crise que causou na Europa? Qual é a justificativa econômica, política de um país do tamanho da Grécia levar a Europa a uma crise profunda e sem precedentes, senão a explicação da incompetência política, da falta de liderança, da [falta de] tomada de posição na hora certa, [da falta] de fazer as coisas que têm que ser feitas? E isso, Mino, a gente não aprende na universidade. É a lei da sobrevivência, é a lei da provação todos os dias.

Eu digo sempre: eu governei oito anos, Mino, tendo que provar, a cada dia, a minha existência. A elite brasileira não tem que provar nada. Eles erram, afundam o Brasil e não têm que provar nada. Terminam o mandato, passam três, quatro anos na Europa, vão fazer pós-graduação em Harvard, na Sorbonne, voltam e continuam do mesmo jeito. Eu é que tenho que provar a cada dia que este país tinha que dar certo. Então, vamos entregar este país, Mino, numa condição em que nunca antes na história do país um presidente entregou para o outro nas condições em que vamos entregar: um país em ascensão e não um país em descenso; um país com a classe trabalhadora ganhando mais, com os aposentados ganhando mais, sem tentar fazer na campanha um leilão de benefícios, como eu tenho visto. Ah, como é fácil prometer em eleição! E eu não vejo, não vejo as críticas necessárias à irresponsabilidade. Quando eu queria dar 2% de aumento para os aposentados, eu estava “quebrando a Previdência”. Eu vejo na televisão alguém dizer: “Eu vou dar “tanto” por cento e eu sei como é que faz, e tem dinheiro”. E ninguém fala nada, como se valesse a mentira sobre a verdade, como se valesse a mesquinhez sobre a seriedade que nós temos que ter para transformar este país na quinta, na quarta, na terceira economia do mundo. Nós temos condições, nós temos possibilidades, e nós provamos que é possível.

Eu duvido que tenha um empresário neste país que diga que ganhou menos dinheiro no meu governo do que no governo dos outros, que pareciam ser amigos dos empresários. Eu duvido que tenha trabalhadores que ganharam... – e eu fui sindicalista durante 20 anos – eu duvido que tenha, no movimento sindical, momento da história em que eles ganharam o que estão ganhando hoje. No fundo, no fundo, a junção entre eu e o Zé Alencar, em mil... ou melhor, em 2002, foi aquilo que todo mundo sonhava fazer, que era estabelecer uma harmonia entre capital e trabalho, para poder fazer este país crescer. Quais foram as greves que nós tivemos no nosso mandato, Mino? Quem foi que queimou carros neste país? Quem foi que queimou casa, quem foi que tocou fogo...? Nada! Este país viveu harmonicamente durante oito anos como jamais ele viveu, numa demonstração de que é possível, na medida em que a gente confie no outro, na medida em que a gente trabalhe em harmonia, na medida em que a gente pense no futuro do país.

É assim, meu querido Abilio Diniz, que eu vou entregar este país: os pobres comendo mais, os pobres entrando no shopping, abrindo conta no Itaú, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, no Bradesco. Os pobres já não são mais tratados como marginais. Eles já podem entrar de sandálias Havaianas num banco e não são tratados como se fossem párias da sociedade. Os catadores de papel de São Paulo têm conta em banco, e tem 220 milhões de empréstimo do BNDES para os companheiros que catam papel.

Eu lembro, Mino, e vou terminar dizendo isso, que um dia eu perguntei ao companheiro Guido Mantega: se nós éramos um país de economia capitalista, por que a gente não adotava uma política capitalista para este país? E perguntei ao Guido Mantega quanto crédito a gente disponibilizado neste país. Meu caro Gerdau, em março de 2003, este país de economia capitalista tinha apenas R$ 380 bilhões de crédito disponibilizado para 190 milhões de habitantes. Eu, na minha consciência socialista, dizia: que desgraça de país de economia capitalista é este, que o povo não tem capital, que não tem crédito e que os bancos não emprestam dinheiro para o povo? Pois bem, nós vamos entregar este país, a quem vier depois de mim, com crédito de US$ 1 trilhão e 600 bilhões. Nós... somente o Banco do Brasil hoje... somente o Banco do Brasil – eu não sei o Itaú, porque você não me contou, Roberto –, mas somente o Banco do Brasil hoje tem todo o crédito que o Brasil inteiro tinha em 2003. Somente a Caixa Econômica Federal, Guido, tem 175 bilhões. Somente o Banco do Brasil tem 360 bilhões. Somente o BNDES, que emprestava, no máximo, 30 ou 40 bilhões, tem hoje mais de 150 bilhões emprestados, e nós achamos que é pouco.

O Guido sabe que na crise econômica a gente discutiu: este país não sairá da crise, Guido, se não tiver crédito. Trate de liberar compulsório, trate de comprar carteira de banco pequeno, trate de comprar carteira para liberar os bancos menores, trate de fazer com que a gente abra isenção de IPI, de imposto para os produtos de consumo popular. E foi exatamente, Mino, foi exatamente essa política anticíclica que o Guido colocou em prática, junto com o Miguel Jorge, que fez com que este país se sobressaísse melhor do que o império Estados Unidos ou do que a Europa. Eles que sabiam tudo, eles que davam palpite em tudo, eles que sabiam a solução de todos os problemas da Humanidade quando a crise era na América Central, mas quando a crise molhou eles, eles não souberam como resolver o problema.

Então, companheiros e companheiras, primeiro, meus parabéns pelas empresas que receberam os prêmios. Aliás, tem algumas empresas, Mino, que você tem que rever porque tem algumas que ganham o prêmio todos os anos, todos os anos. Nós precisamos mudar aí, tentar... não incluir, não inscrever mais essas empresas nas pesquisas, porque está demais. Tem uma tal de Natura, uma tal de Nestlé, uma tal de Vale do Rio Doce, uma tal de Petrobras, uma tal de Gerdau que todos os anos elas ganham em primeiro lugar, segundo lugar, primeiro lugar, segundo lugar! Se fosse um concurso de Miss Brasil, onde é que a gente ficaria?

Bem, primeiro, dar os parabéns a vocês porque o prêmio que vocês ganharam e os elogios são merecidos. Realmente, eu acho que nós precisamos aprender a gostar das coisas deste país, a valorizar a empresa nacional, a valorizar o trabalhador brasileiro, e eu acho que vocês são a síntese melhor do que a gente tem neste país.

Em segundo lugar, Mino, parabenizar a Carta Capital, e dizer para você da minha solidariedade, porque ontem, ontem uma revista da CUT foi proibida de circular neste país porque trazia a fotografia da candidata Dilma na capa. Eles, que falam em democracia; eles, que falam em liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Eu, por coincidência... não vou dizer qual é a revista, mas eu vi uma revista esta semana, com uma fotografia na capa, que é um acinte à democracia. Vocês riram? Eu nem falei para vocês qual é a revista! No fundo, no fundo, todo mundo sabe da hipocrisia que reina neste país. Todo mundo sabe, mas, muitas vezes, nós fingimos que não é conosco, e só vamos sentir a dor quando for a gente que estiver na capa da revista, porque neste país ninguém tem que provar nada, é só acusar. Acuse, acuse! Depois você não tem que provar a inocência de ninguém. É o acusado, mesmo que inocente, que tem que provar a sua inocência, e quando é provada a sua inocência não sai uma nota no pé de um jornal deste país.

Eu sei, Mino, o que você sentiu, eu sei. Eu sei o que você sentiu quando fez o jornal República, quando fez a revista Veja, quando fez a revista IstoÉ, quando fez o Jornal da Tarde, eu sei, porque neste país, ser sério é um afronta àqueles que governaram este país a vida inteira e nunca agiram com seriedade.

Eu quero dizer para vocês que eu vou terminar o meu mandato com o orgulho de nunca ter precisado almoçar num jornal, numa revista ou numa televisão, nunca. E não faço isso por orgulho, faço isso por independência de não precisar jantar nem almoçar com ninguém, de pedir favor a quem quer que seja para me colocar na última, na primeira ou na página do meio. Eu, a única coisa que eu quero é que digam a verdade e somente a verdade, contra ou a favor, mas digam apenas a verdade. E enquanto a classe política, Eduardo, não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país, esteja certo disso. A covardia, a covardia, a covardia é muito grande neste país. Eu acho que nós estamos construindo uma outra nação, e eu estou dizendo isso no final do meu mandato. Daqui a 74 dias eu não tenho mais imunidade, eu não tenho mais nada, eu vou ser um cidadão livre para poder falar o que eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser. E se você quiser, Mino, ainda de sobra, escreverei um artigozinho na Carta Capital, para fazer as coisas que eu acho que tem que fazer.

Parabéns, Mino. Parabéns a todos vocês, e que Deus ajude este país a continuar crescendo e se fortalecendo.

Um abraço.
Luiz Inácio Lula da Silva

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AGENDA DILMA 13 NO CEARÁ

GUERRA SUJA NA CAMPANHA ELEITORAL por Venício de Lima

Corre solta na internet uma guerra – e, como toda guerra, sem qualquer ética – de manipulação da informação, agora tendo como aliados partidos de oposição e os setores mais retrógrados das igrejas católica e evangélica, incluindo velhas e conhecidas organizações como o Opus Dei e a TFP

As campanhas eleitorais têm servido para revelar, de forma inequívoca, qual a ética empresarial e jornalística que predomina na grande mídia brasileira.

Os episódios recentes relacionados à demissão de conceituada articulista do Estado de S.Paulo, assim como a ação da Folha de S.Paulo, que obteve na Justiça liminar para retirada do ar do blog de humor crítico Falha de S.Paulo, são apenas mais duas evidências recentes de que esses jornalões adotam, empresarialmente e dentro de suas redações, práticas muito diferentes daquelas que alardeiam em público.

Como se sabe, o Estadão é o jornal que afirma diariamente estar sofrendo “censura” judicial, há vários meses.

Tratei do tema neste Observatório quando da demissão do jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, publicada pela Editora Abril, por ter criticado, via Twitter, a revista Veja (ver “Hipocrisia Geral: Liberdade de expressão para quem?”).

Corre solta também, na internet, uma guerra – e, como toda guerra, sem qualquer ética – de manipulação da informação, agora tendo como aliados partidos de oposição e os setores mais retrógrados das igrejas católica e evangélica, incluindo velhas e conhecidas organizações como o Opus Dei e a TFP.

Ademais, uma série de panfletos anônimos sobre candidatos e partidos, de conteúdo mentiroso e manipulador, tem aparecido e circulado em diferentes pontos do país, aparentemente de forma articulada.

Estamos chegando ao “primeiro mundo”. Repetem-se aqui as estratégias políticas obscuras que já vem sendo utilizadas pelos radicais conservadores ligados – direta ou indiretamente – à extrema direita do Partido Republicano – o “Tea Party” – e também pela chamada “Christian Right”, nos Estados Unidos.

A bandeira da liberdade de expressão equacionada, sem mais, com a liberdade de imprensa, não passa de hipocrisia.

Começou com o PNDH3

A atual onda, que acabou por deslocar o eixo da agenda pública da campanha eleitoral e da propaganda política no rádio e na televisão para uma questão de foro íntimo e religioso, teve seu início na violenta reação ao Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3), capitaneada pela grande mídia. Na época, escrevi:

“O curto período de menos de cinco meses compreendido entre 21 de dezembro de 2009 e 12 de maio de 2010 foi suficiente para que as forças políticas que, de fato, há décadas, exercem influência determinante sobre as decisões do Estado no Brasil, conseguissem que o governo recuasse em todos os pontos de seu interesse contidos na terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto n. 7.037/2009). Refiro-me, por óbvio aos militares, aos ruralistas, à Igreja Católica e, sobretudo, à grande mídia.” ["A grande mídia vence mais uma", 15/5/2010].

São essas forças políticas – com seus paradoxos e contradições – que agora se unem novamente para tentar influir no resultado das eleições presidenciais de 2010, valendo-se da “ética” de que “os fins justificam os meios”.

Lições

A essa altura, já podem ser observadas algumas lições sobre a mídia e suas responsabilidades no processo político de uma democracia representativa liberal como a nossa:

1. Não é apenas a grande mídia que tem o poder de pautar a agenda do debate público. A experiência atual demonstra que, em períodos eleitorais, essa agenda pode ser pautada “de fora” quando há convergência de interesses entre forças políticas dominantes. Elas se utilizam de seus próprios recursos de comunicação (incluindo redes de rádio e televisão), redes sociais (p. ex. Twitter) e correntes de e-mail na internet. A grande mídia, por óbvio, adere e abraça a nova agenda por ser de seu interesse.

2. Fica cada vez mais clara a necessidade do cumprimento do “princípio da complementaridade” entre os sistemas de radiodifusão (artigo 223 da Constituição). Seria extremamente salutar para a democracia brasileira que o sistema público de mídia se consolidasse e funcionasse, de fato, como uma alternativa complementar ao sistema privado.

3. Independente de qual dos candidatos vença o segundo turno das eleições presidenciais, a regulação do setor de comunicações será inescapável. Não dá mais para fingir que o Brasil é a única democracia do planeta onde os grupos de mídia devem prosseguir sem a existência de um marco regulatório.

4. O artigo 19 da Constituição reza:

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na formada lei, a colaboração de interesse público.

Apesar de ser, portanto, claro o caráter laico do Estado brasileiro, na vida real estamos longe, muito longe, disso.

5. Estamos também ainda longe, muito longe, do ideal teórico da democracia representativa liberal onde a mídia plural deveria ser a mediadora equilibrada do debate público, representando a diversidade de opiniões existentes no “mercado livre de idéias”. Doce ilusão.

Artigo originalmente publicado no Observatório da Imprensa

Venício A. de Lima
é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

FONTE: http://www.cartacapital.com.br/politica/guerra-suja-na-campanha-eleitoral

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CHICO BUARQUE APOIA DILMA 13 PRESIDENTE

Um grupo de artistas e intelectuais liderados por Chico Buarque, Eric Nepumuceno, Leonardo Boff e Emir Sader está articulando adesões ao manifesto abaixo de apoio político à eleição de Dilma Roussef. A adesão é feita através dos emails emirsader@uol.com.br ou ericnepomuceno@uol.com.br

O manifesto tem o seguinte texyo:

MANIFESTO DE ARTISTAS E INTELECTUAIS PRO DILMA

Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff. Fazemos isso por sentir que é nosso dever somar forças para garantir os avanços alcançados. Para prosseguirmos juntos na construção de um país capaz de um crescimen to econômico que signifique desenvolvimento para todos, que preserve os bens e serviços da natureza, um país socialmente justo, que continue acelerando a inclusão social, que consolide, soberano, sua nova posição no cenário internacional.

Um país que priorize a educação, a cultura, a sustentabilidade, a erradicação da miséria e da desiguladade social. Um país que preserve sua dignidade reconquistada.

Entendemos que essas são condições essenciais para que seja possível atender às necessidades básicas do povo, fortalecer a cidadania, assegurar a cada brasileiro seus direitos fundamentais.

Entendemos que é essencial seguir reconstruindo o Estado, para garantir o desenvolvimento sustentável, com justiça social e projeção de uma política externa soberana e solidária.
Entendemos que, muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado.

Por tudo isso, declaramos, em conjunto, o apoio a Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana.

Leonardo Boff
Chico Buarque
Fernando Morais
Emir Sader
Eric Nepumuceno

QUEM É O SERRA DOS DEBATES por Gilson Caroni Filho

É importante indicar ao eleitor que um eventual governo Serra representará um mergulho nas trevas, com direito a TFPs, Opus Dei, Carismáticos e outras denominações legislando o nascimento de um poder assentado em bases teocráticas. Sobre isso deveria refletir uma parcela da classe média.


Quando entrou nos estúdios da Rede Bandeirantes para o segundo confronto com Dilma Rousseff, Serra parecia confiante. Afinal, pesquisas recentes indicavam que sua candidatura registrava uma curva ascendente. Amparado pelo confortável clima de terror criado por demotucanos, com auxílio inestimável do oportunismo de grupos religiosos partidários da teologia da prosperidade, "IN NOMINE DEI”, o massacre da adversária era tratado como favas contadas. Mas, como costuma acontecer na luta política, o açodamento voraz aumenta a voltagem de fracassos inesperados.

A adversária se mostrava surpreendentemente bem mais preparada do que no encontro anterior, disparando alguns petardos para os quais o PSDB - e a mídia corporativa que lhe apóia - não encontraria proteção adequada nem mesmo no dia seguinte. Do assessor que fugiu com R$ 4 milhões da campanha a uma possível privatização do pré-sal em um caso de vitória tucana, Serra manteve a fisionomia tensa, perdendo-se nas respostas, sem conseguir esboçar contra-ataques com os detalhes que a televisão exige. O desempenho do personagem preocupou assessores e a base social que lhe dá sustentação.

Quando perguntado sobre fatos provados, respondia com evasivas. Nem mesmo a mulher, Mônica Serra, foi capaz de defender. Foge como o diabo da cruz quando são feitas comparações entre os governos FHC e Lula. Quem tirou 14 milhões da miséria, levou 32 milhões para a classe média, criando 13 milhões de empregos? Que governo fez o Brasil crescer como nunca, libertando o país dos ditames do FMI? Quem proporcionou acesso de um enorme contingente popular às universidades, mudando a fisionomia e as expectativas educacionais de uma formação social marcada pela exclusão? Sob o manto das redações que o protegem, Serra é poupado de contraditórios incômodos. Quando exposto ao confronto, sobram o sorriso nervoso e as mãos trêmulas no ar.

Ficou claro, no debate de ontem, que Serra promete coisas sem base e silencia sobre como vai cumpri-las. Chegou o momento de mostrar, às claras, quem é o ex-governador que paga os piores salários do Brasil para os professores e policiais de São Paulo, recusando qualquer possibilidade de diálogo com representantes das duas categorias. Serra envereda pela ficção quando diz que criou os genéricos e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). E mente quando diz que tirou do papel o Seguro-Desemprego.

Nos próximos encontros, Dilma deve mostrar ao país o perigo de ter religiosos fundamentalistas dando palpite na administração pública. Precisa alertar que nas regiões metropolitanas, em comunidades carentes, além da crônica falta do Estado, os poderes conferidos a seitas e outros espertalhões, aliados a uma polícia medíocre e corrupta, acabam facilitando a vida de milicianos e traficantes. O que faz soar, no mínimo, ridícula a proposta tucana de criação de um Ministério da Segurança.

É importante indicar ao eleitor que um eventual governo Serra representará um mergulho nas trevas, com direito a TFPs, Opus Dei, Carismáticos e outras denominações legislando o nascimento de um poder assentado em bases teocráticas. Sobre isso deveria refletir uma parcela da classe média. Aquela mais apegada ao consumo que à cidadania, sócia despreocupada do rentismo e do poder nos tempos neoliberais.

Acostumada, desde a ditadura militar, à apropriação dos recursos que o mercado ou o Estado lhe ofereciam para a melhoria de seu poder aquisitivo e seu bem-estar material, ainda conserva vícios de origem, reagindo negativamente ao aumento da participação e da inclusão política de novos setores. Instalada em um desencanto abrangente, como estamento arraigado, abriga forças que não ameaçam apenas o processo democrático. O perigo vai bem além. Por tudo que vimos nessa campanha, a candidatura de Serra é incompatível com os valores mais caros à modernidade.



Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

FONTE: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4827

DILMA E A FÉ CRISTÃ por Frei Betto

Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte.

Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.

Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho.

Nada tinha de “marxista ateia”.

Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.

Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.

Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.

Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.

Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.

Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho.

É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.

Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto…

Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.

Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.

Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.

A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.

Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.

Frei Beto, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004, governo Lula).

FONTE: http://www.cartacapital.com.br/politica/dilma-e-a-fe-crista

Por que o discurso de Serra não nos atinge? por Daniela Galdino

O favelismo cenográfico comprova muito mais do que o cinismo político: confirma o distanciamento entre Serra e os eleitores pobres

Segundo o nosso digno Mano Brown, na democracia de Serra, se houver duas crianças, sendo uma magra e faminta e outra robusta e bem alimentada, o “Zé” joga o único sanduíche para cima e aguarda para que a “justiça social seja feita”. Essa alusão comprova o que Serra ignora: os desiguais precisam ser tratados de maneira diferente, para que a justiça social ocorra. Além de concordar com Brown, não me espanto com essa atitude do tucano, afinal, para quem foi capaz de levar ao ar, no programa eleitoral, uma favela cenográfica, isso é coisa pouca.

O favelismo cenográfico comprova muito mais do que o cinismo político: confirma o distanciamento entre Serra e os eleitores pobres – que falam o português não canônico, que nem sempre fazem as três refeições por dia, mas que, contraditoriamente, figuram, em época de eleições, nas “missões humanitárias aliadas” do PSBD.

A fala de Serra, sempre rasa como uma piscina regan tamanho P, possui uma baixa ressonância numa parcela significativa da população brasileira. Jamais se deve esperar, no discurso circular do tucanato paulicêntrico, preocupações com o Brasil profundo. Certamente não foi durante os 8 anos do governo FHC – tendo Serra como Ministro em duas pastas de destaque, é bom lembrar – que os maiores programas sociais foram implementados, muito menos as ações afirmativas nas universidades, nem a ampliação do numero de universidades federais, ou o incentivo à educação quilombola, o respeito à diversidade e a democratização na distribuição de recursos para financiamento de projetos socioeducativos, culturais e de geração de renda. Essas e outras medidas foram tomadas nas duas gestões do governo Lula, somente os desavisados por opção ou os distanciados dos pobres por motivos de assepsia não percebem isso.

Uma pergunta para o (e)leitor: como o candidato tucano pode combater as desigualdades, se o passado da era FHC/Serra no governo federal nos legou um recorde imbatível no desmantelamento da educação em todos os seus níveis e modalidades? Como democratizar a universidade brasileira dentro de um projeto político que, por varias vezes, já nos deu provas incontestes de uma “privataria” desvairada?
O suplicio mesmo do Brasil é o PSDB. Esse partido, que movido por um paulicentrismo tipo exportação, tenta, a cada eleição, medir o Brasil pela régua de São Paulo. Obviamente pela régua da classe média paulistana, que se autoproclama esclarecida o suficiente para dizer ao resto do país o que precisamos. Ao ignorar diversidades regionais, ao voltar as costas para os reais problemas das classes populares, o discurso de Serra e dos seus aliados – em geral representantes de DEMo – só pode nos oferecer um conjunto de propostas incipientes para reverter os níveis de pobreza no país.

É por esses – e outros – motivos que a candidatura tucana, no primeiro turno, teve desempenho irrisório nas regiões mais pobres do Brasil, a exemplo de amplas áreas do norte e nordeste. Mas, como já era de se esperar, para justificar esses resultados, o discurso paulicentrista difunde a idéia de que nessas mesmas áreas pobres os eleitores são desprovidos de discernimento para votar.

Com isso, Serra e seus comparsas fixam mais uma figurinha no seu vasto álbum de equívocos e, numa só tacada, retomam infelizes idéias a respeito de nós, nordestinos, por exemplo. Eu, ironicamente, agradeço a Serra, com isso, ele comprova a distância enorme que nos separa. Distância que, fica confirmado, ele tem cada vez menos condições de ultrapassar.

Daniela Galdino. Professora da UNEB, Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos pelo CEAO/UFBA, Professora da Rede Estadual da Bahia.

Coluna do Leitor
13 de outubro de 2010 às 11:37h
http://www.cartacapital.com.br/politica/por-que-o-discurso-de-serra-nao-nos-atinge

FILOSOFOS LANÇAM MANIFESTO PRO DILMA 13

Versão resumida

Professores
e pesquisadores de Filosofia, abaixo assinados, manifestamos nosso
apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Seguem-se nossas razões.

Os
oito anos de governo Lula constituíram um formidável movimento na
direção da construção de uma sociedade livre, justa e solidária, por
meio da redução das desigualdades sociais e regionais e da luta pela
erradicação da pobreza, objetivos expressos na Constituição da República
Federativa do Brasil. Nesses oito anos, a pobreza foi reduzida em mais
de 40%; mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média; a
desigualdade de renda sofreu uma queda palpável. Tais
políticas assinalam o compromisso do governo Lula com a realização dos
objetivos de nossa República. Como ministra, Dilma Rousseff exerceu um
papel central no sucesso dessa gestão. Cremos que sua chegada à
Presidência representará a continuidade, aprofundamento e
aperfeiçoamento do combate à pobreza e à desigualdade que marcou os
últimos oito anos.Há
razões para duvidar que um eventual governo José Serra ofereça os
mesmos prospectos. É notório o desprezo com que os programas sociais do
atual governo – em particular o Bolsa Família – foram inicialmente
recebidos pelos atores da coligação que sustenta o candidato. Frente ao
sucesso de tais programas, José Serra vem agora verbalizar sua adesão a
eles, quando não arroga para si sua primeira concepção. Não tendo ainda,
passado o primeiro turno, apresentado um programa de governo, ele nos
lança toda sorte de promessas – algumas das quais em franco contraste
com sua gestão como governador de São Paulo – sem esclarecer como
concretizá-las. O caráter errático de sua campanha justifica ceticismo
quanto à consistência de seus compromissos. Seu discurso pautado por
conveniências eleitorais indica aversão à responsabilidade que se espera
de nossos representantes.A cidadania exige o que Kant caracterizou como independência: o cidadão deve ser “seu próprio senhor”, por conseguinte possuir “alguma propriedade (e
qualquer habilidade, ofício, arte ou ciência pode contar como
propriedade) que lhe possibilite o sustento”. Os programas de
transferência de renda implementados pelo governo não apenas ajudaram a
proteger o país da crise econômica mundial – por induzirem o crescimento
do mercado interno –, mas fortaleceram nossa democracia ao criar bases
concretas para a cidadania de milhões de brasileiros. Se atentarmos ao
seu formato institucional, veremos que eles proporcionam condições para a
progressiva autonomia de seus beneficiários, ao invés de prendê-los em
um círculo de dependência. Que mulheres e homens beneficiados por tais
programas confiram seus votos às forças que lutaram por implementá-los
não deve surpreender ninguém – trata-se, afinal, da lógica mesma da
governança democrática.Compromisso com a expansão e qualificação da universidadeDurante
os oito anos do governo anterior, não se criou uma nova universidade
federal sequer; os equipamentos das universidades federais viram-se em
vergonhosa penúria; as verbas de pesquisa estiveram constantemente à
mercê de contingenciamentos; o arrocho salarial, aliado à falta de
perspectivas e reconhecimento, favoreceu a aposentadoria precoce de
inúmeros docentes, sem a realização de concursos públicos para a
reposição satisfatória de professores. O consórcio partidário que cerca a
candidatura José Serra – o mesmo que deu guarida ao governo anterior –
deve explicar por que e como não reeditará essa situação.O
atual governo tem agido não apenas para a recuperação do ensino
superior e da pesquisa universitária, após anos de sucateamento, como
tem implementado políticas para sua expansão e qualificação – com
resultados já reconhecidos pela comunidade científica internacional. O
PROUNI – atacado por um dos partidos da coligação de José Serra –
possibilitou o acesso à universidade para mais de 700.000 brasileiros de
baixa renda. Através do REUNI, as universidades federais têm assistido a
um grande crescimento na infraestrutura e na contratação, mediante
concurso público, de docentes qualificados. Programas de fomento,
levados a cabo pelo CNPq e pela CAPES, têm proporcionado um sensível
aumento da pesquisa em ciência e tecnologia, premissa central para o
desenvolvimento do país. Foram criadas 14 novas universidades federais,
testemunhando-se a interiorização do ensino superior no Brasil, levando o
conhecimento às regiões mais pobres, menos desenvolvidas e mais
necessitadas de apoio do Estado.Em defesa do Estado laico e do respeito à diversidade de orientações espirituaisA
Constituição Federal é clara na afirmação do caráter laico do Estado
brasileiro. É garantida aos cidadãos brasileiros a liberdade de crença e
consciência, não se admitindo que identidades religiosas se imponham
como condição do exercício de direitos e do respeito à dignidade
fundamental de cada um. É, pois, com preocupação que testemunhamos a
instrumentalização do discurso religioso na presente corrida
presidencial.Em
particular, deploramos a guarida de templos ao proselitismo a favor ou
contra esta ou aquela candidatura – em clara afronta à legislação
eleitoral. Dilma Rousseff, em particular, tem sido alvo de campanha
difamatória baseada em ilações sobre suas convicções espirituais e na
deliberada distorção das posições do atual governo sobre o aborto e a
liberdade de manifestação religiosa. Conclamamos ambos os candidatos ora
em disputa a não cederem às intimidações dos intolerantes. Temos
confiança de que um eventual governo Dilma Rousseff preservará o caráter
laico do Estado brasileiro e conduzirá adequadamente a discussão de
temas que, embora sensíveis a religiosidades particulares, são de
notório interesse público. Por
essas razões, apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da
República. Para o povo brasileiro continuar em sua jornada de
reencontro consigo mesmo. Para o Brasil continuar mudando!

***
Entre
os signatários do manifesto encontram-se Oswaldo Porchat Pereira,
Marillena Chauí, Wolfgang Leo Maar, Guido Antônio de Almeida, Raul
Landim Filho, Andrea Loparic, Manfredo Araújo de Oliveira, Jacyntho Lins Brandão, João Quartim de Moraes, Virginia de Araujo Figueiredo, Vladimir Pinheiro Safatle, Newton Bignotto, João Vergílio Gallerani Cuter, Ernesto Perini Santos, Paulo Francisco Estrella Faria, Roberto Horácio de Sá Pereira, Robson Ramos dos Reis, Ethel Menezes Rocha, Alfredo Carlos Storck, Vinicius de Figueiredo.
O texto integral pode ser lido, e está aberto a adesões, em: https://sites.google.com/site/manifestofilosofosprodilma/

terça-feira, 12 de outubro de 2010

PAULO PRETO: O TUCANO DA MALA-PRETA

"Não sei quem é Paulo Preto"
(Serra; Terra; 11-10)

"Ele (Serra) me conhece muito bem... Todas as minhas atitudes foram informadas a Serra....Não se larga um líder ferido na estrada...Não cometam esse erro"
(Paulo Preto, em ameaça velada a Serra; Folha 12-10)

Tópicos da vida de Paulo Preto (Paulo Vieira de Souza):

a)Diretor de Engenharia do Dersa, comandou as grandes obras da gestão Serra, como o Rodoanel
b) em 2001 foi assessor da Casa Civil de FHC

c) mantem fortes laços políticos e pessoais com Aloysio Nunes (homem de confiança de Serra)

d)emprestou R$ 300 mil a Aloysio Nunes em 2007 para que este adquirisse um apartamento em Higienópolis

e)sua filha, Priscila de Souza, é advogada de escritóio que defende empreiteiras contratadas pelo governo Serra para a construção do Rodoanel...

f)em junho de 2010, Paulo Preto foi preso na loja Guci, em SP, por receptação de bracelete de brilhante roubado da própria loja

g)na atual campanha presidencial, Paulo Preto arrecadou e sumiu com R$ 4 milhões do caixa dois de Serra, segundo a revista "IstoÉ"

d)está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de propina recebida da Camargo Correa.

FONTE: Carta Maior, com informações Folha; 12-10)http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1&home=S

Serra responde à acusação de Dilma com um ‘trololó’ por Josias de Souza

A realidade da campanha eleitoral por vezes confere ao Brasil uma aparência de país irreal –espécie de romance de Cabral, com prefácio de Caminha.

José Serra, um dos protagonistas, esteve em Goiânia nesta segunda (11). Carregava atrás de si um par de dúvidas.

Ambiguidades resultantes de provocações feitas na véspera por Dilma Rousseff, a outra personagem do enredo sucessório.

No debate da TV Bandeirantes, Dilma levou aos holofotes dois nomes: Mônica Serra e Paulo Vieira de Souza.

Sobre a primeira, declarou: “Sua esposa, Mônica Serra, disse: ‘A Dilma é a favor da morte de criancinhas’. Acho gravíssima a fala da sua senhora”.

Quanto ao outro, Dilma afirmou: “Você deveria responder sobre Paulo Vieira de Souza, seu assessor, que fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”.

Em ambos os casos, Serra fingiu-se de morto no debate. Não se animou nem mesmo a sair em defesa de sua mulher.

Pois bem. Na passagem pela capital de Goiás, Serra viu-se compelido a dizer meia dúzia de palavras sobre o embate da Bandeirantes.

Declarou-se surpreso com a agressividade de Dilma. Com atraso, reportou-se à menção feita por sua rival a Mônica Serra:

"Ataque à família não é bom na campanha. Campanha é para discutir propostas, comparar candidatos, o que eles fizeram, o que vão fazer".

Absteve-se de esclarecer o teor da "gravíssima fala da sua senhora". Coisa pronunciada no mês passado, num corpo-a-corpo em Nova Iguaçu (RJ). Uma pena.

Tão grave quanto o “ataque à família” é a retórica da “morte de criancinhas”. A mulher de Serra, por ilustrada, decerto não ignora o significado de uma apelação.

Quanto a Paulo Vieira de Souza, um ex-gestor de obras do governo de São Paulo conhecido como Paulo Preto, Serra disse o seguinte:

"Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês [repórteres] fiquem perguntando".

Curioso, muito curioso, curiosíssimo. Serra empregou o mesmo vocábulo que Dilma usara ao comentar pela primeira vez o ‘Erenicegate’: “Factóide”.

É improvável que Serra desconheça Paulo Preto. Até abril deste ano, ele ocupou um posto estratégico do governo de São Paulo: diretor de Engenharia da Dersa.

Na gestão do governador Serra, o homem que o candidato Serra diz ignorar cuidava das grandes obras rodoviárias do Estado. Entre elas o Rodoanel.

Ex-chefe da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes Ferreira, agora senador eleito por São Paulo, mantém com Paulo Preto relações de amizade.

Ao tratar como “factóide” o sumiço de R$ 4 milhões supostamente coletados para nutrir as arcas de sua campanha, Serra desrespeita o eleitor.

Se verdadeiro, o episódio mereceria do candidato ao menos uma declaração protocolar em favor da investigação.

Se inverídica, a acusação de Dilma, recolhida de notícias penduradas nas manchetes, justificaria uma reação indignada.

O silêncio de Serra autoriza a rival petista a mimetizar a pergunta que o tucanato fazia em relação ao R$ 1,7 milhão do dossiê dos aloprados petistas de 2006.

Os grã-tucanos gostavam de inquirir: “De onde veio o dinheiro?”. O petismo está liberado para indagar: “Para onde foi a grana?”

Serra percorreu as ruas de Goiânia em carreata. Além de políticos, o candidato tinha a seu lado um padre.

Chama-se Genésio Ramos. Comanda a Paróquia de São Francisco de Goiás, assentada na cidade de Anápolis.

Padre Genésio presenteou Serra com um terço. Diante de uma multidão estimada pela PM em 5 mil pessoas, o candidato beijou o adereço (repare na foto lá do alto).

Ao discursar, Serra declarou: "Nós estamos movidos pela fé. A fé de dentro da gente, a fé que vai construir o Brasil".

No Brasil irreal –aquele país do romance de Cabral, prefaciado por Caminha— a fé constrói qualquer coisa.

No país cuja realidade é tinada pela dúvida, exige-se algo mais dos pretendentes à cadeira de presidente da República.

Para utilizar uma gíria ao gosto de Serra, não fica bem para um candidato contrapor a uma grave acusação da adversária uma resposta alicerçada em mero trololó.

Escrito por Josias de Souza às 21h03
Publicado no Blog do Josias


http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-10-01_2010-10-31.html#2010_10-11_22_03_42-10045644-0

Joel Silva/Folha

FREI BETO APOIA DILMA 13

Publicado na coluna "Tendências/Debates" da Folha:

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".

Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.

Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.

Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.

É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam. Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...

Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.

Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.

Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.

A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.

Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SERRA FOI REPROVADO PELO DIAP

Na TV, Serra se diz "o melhor deputado da Constituinte de 1988". A verdade: Serra votou contra os trabalhadores e, por isso, foi reprovado pelo Diap com nota 3,75.

No primeiro programa de TV do segundo turno, exibido nesta sexta-feira (8), o candidato José Serra (PSDB) se declara, entre outras coisas, "o melhor deputado da Constituinte de 1988". Você acreditou?

Aos fatos. Conforme análise do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), entidade que há três décadas analisa o Congresso Nacional, José Serra votou contra os trabalhadores em uma série de discussões importantes ao longo da Constituinte de 88.

Numa escala de zero a 10, o então deputado federal José Serra tirou uma nota de apenas 3,75 no que se refere à defesa de posições que diziam respeito aos interesses nacionais e dos trabalhadores. Lula, por outro lado, tirou nota máxima.

Confira alguns dos motivos para José Serra ter sido reprovado pelos trabalhadores na Constituinte de 1988:

- Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;

- Serra votou contra mais garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;

- Serra negou seu voto pelo direito de greve (isso explica o forma ditatorial e violenta com que ele trata o funcionalismo quando recorre à greve);

- Serra negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;

- Serra negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;

- Serra negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;

- Serra negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;

- Serra negou seu voto pela garantia do salário mínimo real;

- Serra votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;

- Serra votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;

Abaixo, a avaliação de Serra (nota 3,75) feita pela publicação "Quem foi quem na Constituinte", do Diap:


http://drrosinha.com.br/wp-content/uploads/Jose_Serra_diap_constituinte_ficha.jpg

http://drrosinha.com.br/wp-content/uploads/lula_diap_constituinte_ficha.jpg

domingo, 10 de outubro de 2010

Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil – 1822/2022

Eleições 2010 - Manifesto

A Equipe do Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil – 1822/2022 tendo em vista a realização do 2º. turno das eleições presidenciais no Brasil, sente-se no dever de tomar uma posição em relação aos projetos político-sociais em confronto neste momento e apoiar a eleição da candidata Dilma Rousseff para Presidente da República.
Esta nossa decisão, amadurecida nas discussões internas do Projeto, baseia-se no fato de sabermos que mais do que duas candidaturas, estão em confronto pelo menos dois projetos político-culturais diferentes para o Brasil. Acreditamos que a candidatura de Dilma Rousseff representa a continuidade de um projeto que, depois de mais de cinco(05) séculos, vem possibilitando, efetivamente, a inclusão sócio-econômica de milhões de brasileiros e brasileiras.

A Equipe do Projeto bem sabe que várias das ações e das políticas do governo liderado por Lula da Silva, cuja continuidade Dilma Rousseff representa, são passíveis de críticas as mais diversas. Em várias de nossas ações, sobretudo nos Seminários Anuais e no Programa Rádio que mantemos, nós as fazemos publicamente.
No entanto, estas críticas não nos impedem de perceber os enormes avanços deste governo em direção a políticas sociais de efetiva inclusão dos setores populares e nem nos impedem de vislumbrar que uma eventual vitória de José Serra significaria um retrocesso nestas políticas, a exemplo do que foi o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Por isso, no que se refere especificamente à nossa área de atuação, a educação, é com tranqüilidade que assumimos como nossas as palavras dos Reitores das Universidades Federais em recente Manifesto de à Nação Brasileira, quando eles afirmam que:

“Da pré-escola ao pós-doutoramento - ciclo completo educacional e acadêmico de formação das pessoas na busca pelo crescimento pessoal e profissional - consideramos que o Brasil encontrou o rumo nos últimos anos, graças a políticas, aumento orçamentário, ações e programas implementados pelo Governo Lula com a participação decisiva e direta de seus ministros, os quais reconhecemos, destacando o nome do Ministro Fernando Haddad.

Aliás, de forma mais ampla, assistimos a um crescimento muito significativo do País em vários domínios: ocorreu a redução marcante da miséria e da pobreza; promoveu-se a inclusão social de milhões de brasileiros, com a geração de empregos e renda; cresceu a autoestima da população, a confiança e a credibilidade internacional, num cl aro reconhecimento de que este é um País sério, solidário, de paz e de povo trabalhador. Caminhamos a passos largos para alcançar patamares mais elevados no cenário global, como uma Nação livre e soberana que não se submete aos ditames e aos interesses de países ou organizações estrangeiras.
Este período do Governo Lula ficará registrado na história como aquele em que mais se investiu em educação pública: foram criadas e consolidadas 14 novas universidades federais; institui-se a Universidade Aberta do Brasil; foram construídos mais de 100 campi universitários pelo interior do País; e ocorreu a criação e a ampliação, sem precedentes históricos, de Escolas Técnicas e Institutos Federais. Através do PROUNI, possibilitou-se o acesso ao ensino superior a mais de 700.000 jovens. Com a implantação do REUNI, estamos recuperando nossas Universidades Federais, de norte a sul e de leste a oeste. No geral, estamos dobrando de tamanho nossas In stituições e criando milhares de novos cursos, com investimentos crescentes em infraestrutura e contratação, por concurso público, de profissionais qualificados. Essas políticas devem continuar para consolidar os programas atuais e, inclusive, serem ampliadas no plano Federal, exigindo-se que os Estados e Municípios também cumpram com as suas responsabilidades sociais e constitucionais, colocando a educação como uma prioridade central de seus governos.

Por tudo isso e na dimensão de nossas responsabilidades enquanto educadores, dirigentes universitários e cidadãos que desejam ver o País continuar avançando sem retrocessos, dirigimo-nos à sociedade brasileira para afirmar, com convicção, que estamos no rumo certo e que devemos continuar lutando e exigindo dos próximos governantes a continuidade das políticas e investimentos na educação em todos os níveis, assim como na ciência, na tecnologia e na inovação, de que o Brasil tanto precisa para se inserir, de uma forma ainda mais decisiva, neste mundo contemporâneo em constantes transformações.

Finalizamos este manifesto prestando o nosso reconhecimento e a nossa gratidão ao Presidente Lula por tudo que fez pelo País, em especial, no que se refere às políticas para educação, ciência e tecnologia. Ele também foi incansável em afirmar, sempre, que recurso aplicado em educação não é gasto, mas sim investimento no futuro do País. Foi exemplo, ainda, ao receber em reunião anual, durante os seus 8 anos de mandato, os Reitores das Universidades Federais para debater políticas e ações para o setor, encaminhando soluções concretas, inclusive, relativas à Autonomia Universitária.” (EDUCAÇÃO - O BRASIL NO RUMO CERTO - Manifesto de Reitores das Universidades Federais à Nação Brasileira – out./2010.)

MARINA VOCÊ SE PINTOU

Texto do professor de filosofia da UFES, Maurício Abdalla [1]


“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais
espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido.Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.


MobilizaçãoBR

O PAÍS DO AGORA E DO AMANHÃ

Texto artista e crítico de arte Raul Córdula

Há três décadas emiti uma corrente de Arte Postal com o título O País da Saudade, onde os artistas interferiram e devolveram com imagens do Brasil de suas lembranças antes de 1964. Na justificativa eu lembrava que nós tínhamos sido o país do futuro, do carnaval, do futebol, mas naquele momento éramos o país da saudade.

A ditadura passou e a democracia começou a nascer no horizonte. As primeiras decepções nas urnas também passaram, chegou o bom tempo em que vivemos com fé e coragem no aqui/agora e no depois, e neste momento, quando a democracia amadurece, nossa memória se converte num leme que pode nos velar para um futuro que justifique todos nossos anseios, nossas lutas nossa garantia de um futuro brilhante.

Este futuro está em Dilma.

O artista, o intelectual e o empresário cultural brasileiro de minha geração - tenho mais de seis décadas de vida das quais há cinco me dedico exclusivamente à arte – jamais presenciou tamanho desenvolvimento em nossa política cultural, embora tivéssemos no passado momentos brilhantes. Somos herdeiros da Lei Rhoanet, que é filha da Lei Sarney, e isto já é um avanço social e político considerável, mas também sempre foi, na forma em que foi implantada, uma lâmina de dois gumes quando possibilitou também a formação de verdadeiros cartéis de empresas com o objetivo de arrebanhar o maior número de recursos advindos da renúncia fiscal federal e concentrá-los na linha de “produtos culturais” que interessam à empresa, sem garantir a divisão equitativa dos patrocínios com o mapa dos produtores culturais – artistas, intelectuais e empresários culturais – distribuídos por todo o País.

O governo Lula compreendeu desde o início que a cadeia produtiva da cultura é maior do que se pensava antes, quando seus integrantes chegavam a ser massa de manobras para empresários que lucravam com a formação e manutenção de sua imagem gratuitamente. Ora, se a renúncia fiscal é uma opção gratuita, porque seu retorno em forma de imagem social? Poder-se-ia dizer que esta é uma troca natural, faz parte da ética do mercado, mas também podemos dizer que isto provoca demandas pois podem ser avaliadas pela ótica do gosto de quem decide no nível da empresa que em geral é seu departamento de marketing.

O Governo Lula não só compreendeu como está agindo no sentido de desmanchar esses gargalos na direção da simplificação e transparências de todo o processo. Pode-se hoje acompanhar virtualmente todos os passos de qualquer projeto aplicado na Lei Rhoanet. Recentemente a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura lançou novas instruções normativas que tornam o acesso aos recursos muitíssimo mais simples, economizando em cada processo centenas de folhas de papel, diminuindo assim as exigências de documentos, vias, carimbos, etc., etc., etc., procedendo atalhos e simplificando a linguagem burocrática.

Mas para se ter chegado a este ponto foi preciso uma verdadeira operação de limpeza e resgate desde o primeiro mandato, sob o ministério de Gilberto Gil, e continuado – para não dizer ainda finalizado, pois todo processo é dinâmico – pelo Ministro Juca Ferreira.

Assistimos o aprimoramento das Representações Regionais do MinC. No Recife, por exemplo, a instalação da Sala Nordeste, com a magnífica exposição de José Rufino, enriqueceu sobremaneira nosso território expositivo e trará ao nosso público um programa de exposições do mais alto nível.

É sabido o resgate da FUNARTE, e o sucesso de seus editais em todas as áreas, na de artes visuais temos agora um edital de apoio a ensaios críticos de nível acadêmico. A Rede Nacional de Artes Plásticas é sabidamente um sucesso de ação oficial.

A Secretaria de Diversidade Cultural, por sua vez, contempla paritariamente e no mesmo nível de importância das outras Secretarias, as minorias culturais do País, como índios, quilombolas, religiões africanas, ciganos, idosos, portadores de necessidades especiais, homossexuais, doentes mentais, presidiários, artesãos e artistas periféricos ainda chamados de “artistas populares”. Com suas ações esta secretaria tem diminuído as diferenças, incluído e revelado talentos e aspectos novos e surpreendentes de nossa expressão cultural.

A rede de Pontos de Cultura espalhada por todo o Brasil tem mostrado uma quantidade surpreendente de manifestações culturais em todas as áreas ,a maioria delas periférica, e criando uma integração “nunca antes vista neste País”.

Sobre cinema e áudio visual nem é necessário falar muito, pois os resultados “estão na tela” e ecoam pelo mundo nesta nova era do cinema brasileiro que vem resgatar e justificar todo esforço que o setor empreendeu no passado com o sonho mágico que sempre norteou nossos cineastas.

Isto tudo, e muito, muito mais que está por vir, precisa peremptoriamente, absolutamente, conscientemente, brasileiramente ter continuidade. Mas será necessária uma continuidade uma continuidade que não seja de cargos e programas, mas de políticas sócio-culturais longe do neoliberalismo que nos assolará se Dilma não for eleita.

Somente para lembrar, o perigo neoliberal é este processo de tanto sucesso deixar de ver o homem que faz a cultura, para ver somente o produto mercantilizado deste homem; é ver o espetáculo do ponto de vista da bilheteria, não dos artistas e técnicos que nele trabalharam; é ver os quadros na galeria como objetos de decoração ou mobília, não como novos signos de conhecimento; é ver o disco, não a música, muito menos o músico; ver o Best Seller, não o escritor e seu objeto; é ler crônica social, não crítica de arte; é apresentar o kitch, não o desing e o seu designer.

De Norte a Sul as mulheres e os homens de cultura estão mobilizados, certamente, para nesta eleição trabalhar no sentido de Dilma para Presidenta de todos os brasileiros. Certamente, porque se pressupõe que as pessoas da arte e da cultura têm memória, cultivam a memória, têm noções da política e desejam o melhor para todos.

Neste momento estamos num limite entre o abismo cultural, de novo, e o campo arado, adubado, e próprio para a cultura. Que venham bons tempos com Dilma no Planalto.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A NOVA DIREITA

Este texto me foi enviado pela amiga Leinad Carbogim. Ele é de JUNIOR PERIM (Coordenador Executivo e Co-Fundador do CRESCER E VIVER)

Amigos(as),

Acordei com um gosto amargo na boca. Me dei conta de que o povo brasileiro, em sua grande maioria, portanto, falo do povo que precisa da ação, da escala e da rede de proteção e promoção social do Estado, para além de ter que enfrentar uma elite perversa tem agora como mais novo inimigo do seu projeto de realização e felicidade, uma classe média que eu sempre pensei não ter consciência de classe.

Sempre achei que a classe média jamais quis estar de um lado específico, senão navegando ao sabor daquilo ou daqueles que apontam com a manutenção dos seus parcos privilégios. Eu me enganei, o resultado da eleição de ontem, mostra que a pequena burguesia, tomando como a exemplo a classe média do Rio de Janeiro, tem seu campo ideológico bem definido e sabe o que quer ser – a ‘nova direita’ do Brasil.

A ‘nova direita’ não se identifica com as elites que, na avaliação dela é socialmente irresponsável e ecologicamente incorreta. A ‘nova direita’ mora no centro urbano e defende a floresta a partir de uma experiência imaginária; não joga papel no chão mas é consumista e compra coisas com grandes embalagens; está preocupada com o aquecimento global mas não abre mão de se deslocar de carro e não está nem aí para a discussão do transporte de massa e de qualidade.

A ‘nova direita’ critica a, ainda, injusta concentração de riqueza e renda no Brasil mas faz discurso raivoso contra o Bolsa Família que deu acesso à renda mínima a milhões de brasileiros e brasileira com apenas 1% do PIB.

A ‘nova direita’ faz discurso crítico sobre ética na política e denuncia a “manipulação” do voto popular, mas é ela quem consubstancia os seus discursos e análises sociais com os argumentos e informações difundidas diariamente pela grande mídia, (re)significando frases com chavões e expressões intelectualóides.

A ‘nova direita’ critica a qualidade do ensino e da saúde pública, mas não têm culhões de disputar a qualificação destes serviços, porque já faz tempo migrou para os planos de saúde e matriculou os seus filhos no ensino privado.

A ‘nova direita’ teoriza sobre o direito de candidatura do Tiririca e não fala absolutamente nada de candidatos que se elegem com fotos do Médici na parede.

A ‘nova direita’ vê os malabaristas dos semáforos, mas não vê as pessoas e e as suas complexidades que estão por detrás dos objetos (claves, bolas e limões) que elas manipulam como o meio que inventaram pra correr atrás do prejuízo.

Enfim a ‘nova direita’ é a galera cool, educada, letrada, adequadamente vestida, frequentadora dos espaços da cidade, cheia análises sociológicas, antropológicas e estéticas dos problemas, coisas e contextos e, também cheia de projetos ‘bacanas’ pra resolver tudo de uma maneira light que não afete os seus interesses e nem os interesses das elites, onde ela espera estar em algum dia.

Eu não tenho dúvida que a ‘nova direita’ votou na Marina Silva e inviabilizou a eleição da Dilma no primeiro turno. Mas o pior disso é que tenho um montão de amigos e amigas que foram surfar na onda verde e nem se deram conta de que ela leva à praia particular da ‘nova direita’. Por isso escrevi estas linhas, com a esperança de que eles se salvem de um ‘caldo’ no mar de um projeto político que fez muito mal ao Brasil. Pensem porque o que está em jogo agora é o resgate da era FHC ou a continuidade do projeto de sociedade iniciado pelo Lula que nem de longe responde ou dialoga com o que busca a ‘nova direita’.

Junior Perim

sábado, 2 de outubro de 2010

À NAÇÃO

Em uma democracia nenhum poder é soberano.
Soberano é o povo.
É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal.
Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff.
Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetida em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira.
Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como “ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais. Desacostumados com uma sociedade de direitos, confunde-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos.
A velha e reacionária UDN reaparece “sob nova direção”.
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão.
A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.
É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo.
Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta.
Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos.
Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade.
Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante.
O Brasil passou por uma grande transformação.
Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa. E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho.
Viva o povo brasileiro.

Leonardo Boff
Maria Conceição Tavares
Oscar Niemeyer
Marilena Chaui
José Luis Fiori
Emir Sader
Theotonio dos Santos
Fernando Morais
Nilcea Freire
Laura Tavares
Walnice Galvão
Eric Nepomuceno
Martha Vianna
Felipe Nepomuceno
Pablo Gentili
Florencia Stubrin
Flavio Aguiar
Renato Guimarães
Ivana Bentes
Vera Niemeyer
Giuseppe Cocco
Sergio Amadeu
Hugo Carvana
Martha Alencar
Carlos Alberto Almeida
Luiz Alberto Gomez de Souza
Ingrid Sarti
Gaudêncio Frigotto
Isa Jinkings
Leila Jinkings
Sidnei Liberal
Sueli Rolnik
Celio Turino
José Gondin
Lejeune Mirhan
Monica Bruckman
Izaias Almada
Clarice Gatto
Fernando Vieira
Rafael Alonso
José Fernando Balby
Breno Altman
Elisabeth Sekulic
Carlos Otavio Reis
Cassio Sader
Tatiana Roque
Monica Rocha
Carlos Augusto Peixoto
Antonio Lancetti
Benjamin Albagli Neto
Geo Brito
Barbara Szaniecki
Henrique Antoun
Francisco de Guimaraens
Mauricio Rocha
Cibele Cittadino
Adriano Pilatti
Marcio Tenambaum
Jô Gondar
Rodrigo Guéron
Paulo Halm
Maria Candida Bordenave
André Fetterman Coutinho
Carlos Eduardo Martins
Lucia Ribeiro
Helder Molina
Elizabeth Serra Oliveira
Isadora Melo Silva
Janes Rodriguez
Claudio Cerri
Gloria Moraes
Peter Pal Pelbart
Mari Helena Lastres
Cecilia Boal
Alexandre Mendes
Mauro Rego Costa
Ana Miranda Batista
Ana Maria Muller
Ronald Duarte
Osmar Coelho Barboza
Joaquim Palhares
Marco Weissheimer
Silvio Lima
Isabella Jinkings
Marcia Aran
Cezar Migliorin
Susana de Castro
Ricardo Rezende Figueira
Eiiana Schueler
Virgilio Roma Filho
Ana Lucia Magalhaes Barros
Maria de Jesus Leite
Marcos Costa Lima
Alberto Rubim
José Cassiolato
Beth Formaggini
Marilia Danny
Fabrício Toledo
Ana Maria Bonjour
Ana Maria Alvarenga de Barros
Marcio Miranda Ferreira
Marcio Pessoa
Marco Nascimento Pereira
Vanessa Santos do Canto
Monica Horta
Ana Maria Muller
Fernanda Reznik Santos
Eliete Ferrer
Felipe Cavalcanti
Francini Lube Guizardi
Rodrigo Pacheco
Edna Krauss
Luis Felipe Bellintani Ribeiro
Rosa Maria Dias
Leneide Duarte-Plon
Licoln de Abreu Penna
Marcelo Saraiva
Francisco Bernardo Karan
Lucy Paixão Linhares
Luiz Carlos de Sousa Santos
Eliana Dessaune Madeira
Lucio Manfredo Lisboa
Isabel Moraes da Costa
Sandra Menna Barreto
Angelo Ricardo de Souza
Roberto Elias Salomão
Angelo Ricardo de Souza
Ricardo Elias Salomão
Eleny Guimarães Teixeira
Elisa Pimentel
Leonora Corsini
Maria Helena Correa
Isis Proença
José Adelio Ramos
Albertita Dornelles Ramos
Deborah Dornelles Ramos
Tamarah Dornelles Ramos
Xavier Cortez
Rodrigo Gueron
Aparecida Martins Paulino
Leonardo Palma
Paulo Roberto Andrade
Urariano Mota
Lea Maria Reis
Ferreira Palmar
Gabriel Rebello
AGFilho
Newton Pimentel
Patricia Ferraz
Pedro Alves Filho
José Antonio Garcia
Afonso Lana Leite
Mariana Rodrigues Pimentel
Jussara Rodrigues Pimentel
Affonso Henriques
Ana Muller
Mario Jakobskind
Fabio Malini
Dayse Marques Souza
Tania Roque
Jussara Ribeiro de Oliveira
Rita de Cassia Matos
Fernando Santoro
Washington Queiroz
Araken Vaz Galvão
Paulo Costa Lima
Carlos Roberto Franke
Joaquim Cartaxo Filho



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criado em 2010-09-24.
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autor: Emir Sader

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Setembro vermelho leva Pimentel a conquistar mais de 600 mil novos eleitores

Pelos números divulgados hoje na pesquisa do Ibope/DN, Pimentel 135 conquistou em média cerca 646.974 novos eleitores em menos de um mês. Na última pesquisa divulgada pelo instituto, no dia 02/07, o candidato do PT aparecia com um total aproximado de 1.823.291 intenções de voto. Com o resultado do “setembro vermelho” Pimentel 135 chegou a um total de 2.470.265 eleitores deixando a disputa para o senado embolada.

No mesmo período, o candidato tucano perdeu um total de 764.605 votos,caindo de 3.705.397 a 2.904.792 eleitores. Ainda de acordo com a pesquisa cerca de 941.053 cearenses ainda não decidiram seu voto, enquanto que um total de 1.293.848 escolheram apenas um candidato.

Os números são animadores para o senador do PT, do Lula, da Dilma 13 e de Cid Gomes 40. O jogo ainda está sendo jogado e o, até então, imbatível senador do PSDB está muito perto da derrota. A força da militância do time do Lula será decisiva para eleger Pimentel 135. É hora de ir as ruas convencer parentes, amigos, vizinhos a votarem em Pimentel 135. Cada voto é fundamental para garantir a vitória de Pimentel 135 e dos candidatos do Lula no dia 3 de outubro.