segunda-feira, 24 de março de 2014

ELEIÇÕES 2014: UMA OPOSIÇÃO SEM PROJETO E SEM MILITÂNCIA E O PAPEL DA MÍDI


 


Por Rochinha

No momento em que se iniciam as articulações para a disputa das eleições presidenciais de 2014 voltam ao cenário político os velhos e corriqueiros comportamentos que foram repetidos em todas as campanhas eleitorais passadas.

Temos no cenário político uma oposição sem projetos, sem militância e sem identidade política entre eles próprios. Não é por acaso que, com o auxílio dos grandes meios de comunicação que fazem o papel de um partido político, ela - a oposição - se ancora em notícias criadas única e exclusivamente para confundir a opinião pública e tentar prejudicar o projeto nacional do PT e o governo.
No momento, a Rede Globo de Televisão e os demais meios de comunicação da grande imprensa trabalham exclusivamente com dois temas, numa estratégia de causar efeitos sobre a imagem do PT e da presidenta Dilma. 

O tema corriqueiro e insistente que vem sendo explorado há um bom tempo é o da inflação. Os telejornais da Rede Globo invertem dados positivos divulgados por órgãos oficiais, sejam relativos à projeção do crescimento da economia; em relação à questão do pleno emprego ou referentes ao crescimento dos salários e da renda dos brasileiros. Estes são alguns dos temas econômicos que serão batidos e rebatidos a partir de agora até a campanha, para ver se alguns deles colam, tendo como mote a inflação porque é um assunto de apelo popular.

Agora entra em cena a Petrobras. Uma estatal respeitada pelos brasileiros à custa de muita luta, quando num passado recente o governo de Fernando Henrique Cardoso por pouco não leva a empresa ao sucateamento total, além de tentar mudar o nome de Petrobras para Petrobrax, com a intenção de dar uma conotação internacional e na tentativa de privatiza-la a qualquer custo, como fizeram com o setor elétrico, ferrovias, Vale do Rio Doce e outras empresas que pertenciam ao patrimônio do povo brasileiro.

Em 2009, um ano antes das eleições presidenciais de 2010, levantaram acusações sobre as questões contábeis e financeiras da Petrobras. Tudo invencionice porque a própria empresa e o seu corpo de funcionários criaram um blog chamado "Fatos e Dados" para rebater as maldosas ofensivas da grande mídia contra a empresa.

Com certeza, a direção da Petrobras terá condições e dados concretos para enfrentar mais uma vez esta ofensiva que acontece exatamente no ano da campanha pela reeleição da presidenta Dilma. Sobretudo porque a presidenta tem a sua história de gestão ligada à área de energia e de petróleo.

Por essa e outras razões devemos, não só ficar alertas, mas partir para uma ofensiva sem trégua.
Tenho certeza de que o dia a dia dos brasileiros não está voltado para as mentiras e invencionices criadas pelos meios de comunicação e pela chamada "Oposição".

NOVA CIDADE

 
Por Joaquim Cartaxo
 

Fortaleza possui padrão de mobilidade fundado no automóvel que garante a expansão da cidade contínua e para todos os lados, sem considerar os custos das redes de infraestrutura de água, esgoto, sistema viário, transporte público para atender esse modelo de crescimento urbano. Regra geral, a análise e planejamento desse modelo acontece fragmentariamente, dissociando uso solo, proteção ambiental, sistema de transporte público de passageiros e circulação de veículos particulares.

Consequências desse padrão são noticiadas diariamente: problemas ambientais gerados pela alta produção de gases poluentes; acidentes de trânsito transformados em questão de saúde pública devido aos alarmantes índices apresentados; engarrafamentos imensuráveis que causam mal-estar e insegurança no trânsito.

Solução para os engarrafamentos: mais vias, mais viadutos, mais rotatórias, mais semáforos com o objetivo de possibilitar ao transporte motorizado mais fluidez. Deriva daí o círculo vicioso: mais vias, mais carros, mais congestionamento, mais vias, mais carros, mais congestionamento...

70% do espaço público das metrópoles estão ocupados pelo sistema viário destinado aos automóveis, que transporta pouco mais de 30% dos habitantes dessas cidades. Isto é privatização do espaço público, a qual concorre para o desaparecimento da vida pública, substituída por um modo de vida mais individualista em que o uso do transporte particular colabora em larga medida.

A nova cidade requer uso do solo, proteção ambiental e circulação pensados, implantados e avaliados de modo integrado; utilização do espaço público como lugar de convivência e não apenas lugar de passagem, de circulação; aumento das áreas de calçadas com conforto e segurança que estimule caminhadas casa-trabalho, casa-lazer, trabalho-lazer; planejamento de tráfego e trânsito que inclua meios não motorizados como bicicletas e priorize o pedestre.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE. 

Fonte: jornal O POVO de 24 de março de 2014. Imagem: www.irradiandoluz.com.br


  

segunda-feira, 17 de março de 2014

A FERRUGEM DO TEMPO

Por Romeu Duarte


As coisas estão se acabando, tornando-se obsoletas dia a dia numa velocidade impressionante. Será esse envelhecimento sutilmente programado? Quem determina a falência, a morte e a substituição dos objetos e dos fazeres por outros novos? Rumino essas considerações enquanto aguardo a minha vez no caixa-rápido. A felizarda primeira da linha, há quase quinze minutos usando a máquina, já executou um sem número de operações. Num passado recente, teria que trazer de casa o lanche e uma cadeira se não quisesse mofar nas longas e modorrentas filas. Eu mesmo, quanto tempo perdi nestas fileiras de gente para sacar merreca na boca do caixa. Mas, e quanto àquelas pessoas que perderam seus bancários empregos em favor da tal comodidade alheia?
Despertei para o lance ao ouvir o jingle do Ednardo anunciando a chegada do Center Um, nos meados da já distante década de 1970: “Depois que acabaram com a Coluna da Hora/Depois que derrubaram o Abrigo Central/O centro da cidade/Mudou pra outro local/Lá tem ar pra respirar/Tem coisas lindas pra olhar/Tem muita coisa pra comprar/Pois o centro agora é o Center Um”. A música, boa de cantar, anunciava a decadência da zona central e a emergência da Aldeota como reluzente área de comércio sofisticado. Crônica do fim anunciado ou não, o certo é que essa premonição acabou se realizando. E não parou aí: a cidade inchou, se polinucleou e hoje bate perna na passarela do shopping da Parangaba. Quantas surpresas ainda nos reserva o destino?
No mundo digital, a doidice é ainda maior. Computadores imensos cederam lugar a equipamentos cada vez menores. Alguém aí ainda usa disquete ou CD? O pen-drive está com a corda no pescoço. Há uma nuvem sobre a cabeça de cada um de nós recheada com nossas informações. O que a sucederá? Tão rápido quanto surgiram, desaparecem as lan-houses. Descansem em paz, ICQ, MSN, Orkut e Twitter. Te cuida, Facebook. WhatsApp, DropBox? Essa sofreguidão em afagar celulares, I-Phones, I-Pods, I-Pads, tablets, o que causará? Decretaremos o final dos contatos presenciais, desistiremos das cidades, diremos não às ruas e às praças, abriremos mão da vida comunitária? Sim, Dr. Freud, toda pessoa continua sendo um abismo, agora on-line total, só.
De tanto digitar, minha caligrafia, que, de tão ruim, era quase incompreensível, hoje é um conjunto de hieróglifos. O desenho à mão, manifestação tão prezada pelos arquitetos de antanho, é uma arte a bem dizer extinta, superada pelas mil possibilidades algorítmicas de representação e expressão. No comércio, sucumbem as locadoras de DVDs em favor das redes de aluguel de filmes. As tão faladas Gerações Y e Z, serão elas as grandes culpadas da transformação? O que será das bibliotecas e dos livros que tão zelosamente guardam, dos cinemas, dos teatros? Quantos anos de uso terão ainda pela frente? Serão reprogramados ou sumirão na voragem da vida? Muito obrigado, orelhão, pelos bons serviços prestados, vá tranqüilo e que Deus o acompanhe.
Aguardando o meu momento, faço selfies de mim para comigo como passatempo. Antes, a espera no banco era suportada com muita leitura (ai, jornal de papel, quando soará o teu sino?). Atualmente, brincamos conosco registrando caretas, sem ter mais o que fazer, num espetáculo público ridículo. Reparo no meu rosto no espelho instantâneo. A cabeleira e o cavanhaque já grisalhos, as fundas olheiras, os olhos cansados. Cinqüenta e cinco primaveras recém completadas. Humana encruzilhada de tempos e lembranças ou um mero fóssil vivo, um pobre celacanto? Opa, chegou a minha hora. Com licença, cartão no buraco, que dinheiro na mão é vendaval. Saindo daqui, vou direto à Praça Portugal. Será que ela vai estar no mesmo lugar quando eu lá chegar?

Fonte: jornal O POVO, 17 de março de 2014.


quinta-feira, 13 de março de 2014

PRAÇA PORTUGAL, DEBATE SALUTAR

Praça Portugal em 1971. Arquivo Nirez



Por Joaquim Cartaxo

Projetos e ações de engenharia de trânsito, que se ocupam da circulação de veículos, e engenharia de tráfego, que planejam a construção de vias, devem observar a seguinte ordem de prioridades quanto aos beneficiários: pedestres, ciclistas, transportes coletivos e, por último, veículos particulares.

Assim sendo, a proposta da Prefeitura Municipal de Fortaleza de  transformar a praça-balão ou praça-rotatória Portugal em quatro praças com um cruzamento sem rotatória das avenidas Desembargador Moreira e D. Luís atende a qual dessas prioridades? Quem será o segmento mais beneficiado? 

O pedestre que acessará às praças referidas sem o incômodo, o desconforto e o perigo a que está submetido, hoje, para chegar e sair da praça-rotatória Portugal.

Praça-rotatória prioriza veículos automotores no lugar de pedestres.  A praça-rotatória Manuel Dias Branco para onde confluem as avenidas Aguanambi, Eduardo Girão e BR 116 é outro exemplo disso em Fortaleza. Mesmo com uma passarela de acesso, possui uma frequência quase zero de pessoas. 

Há tempo que a praça-rotatória Portugal requer, demanda um novo desenho que equacione o intenso e congestionado trânsito de passagem, que a circunda devido aos equipamentos e as atividades que atraem e geram viagens na sua circunvizinhança, e a baixa frequência de uso pelas pessoas dada as dificuldades de acesso dela. Transformar o polígono em que está inserida em quatro praças com amplo acesso aos pedestres com um cruzamento viário que organiza e disciplina o fluxo de veículos por meio de semáforo é uma proposta que garante conforto, bem-estar e segurança no usufruto do espaço público pelos pedestres.

Debater proposta dessa magnitude é salutar, prudente. Além dos parágrafos anteriores, apresento como contribuição pronunciamento de 1996, na solenidade de posse da Comissão Permanente de Avaliação do Plano Diretor de Fortaleza, representando seus componentes, em que afirmava: “a crítica e a apresentação de estratégias, por qualquer setor da sociedade, não podem ser assimiladas pelos governantes de maneira negativa, mas como algo benéfico, natural e inerente ao direito e à pluralidade de opinião, afirmação maior da democracia que se concretiza pela política, como campo de possibilidades para o equacionamento dos conflitos e das contradições entre o público e o privado, o particular e o coletivo, a permanência e a transformação do status quo.

Paciência, generosidade e negociação constituem palavras-chave para operacionalizar a solução dos conflitos, procurando construir consensos, explicitar e afirmar dissensos, na busca de processar novos consensos. Uma gestão democrática e uma cidade saudável requerem esse caminho político, sob pena de nos perdermos pelos descaminhos da burocracia, do corporativismo, do imediatismo das soluções simplórias e do clientelismo.” Ou sermos dominados pelos partidários da tecnocracia que em geral desprezam os fatores culturais, humanos, sociais e privilegiam os mecanismos econômicos na tomada de decisões.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e membro do diretório nacional do PT.





quarta-feira, 12 de março de 2014

PRAÇA PORTUGAL: UMA OPINIÃO

Por Romeu Duarte

Proposta da Prefeitura Municipal de Fortaleza para a nova Praça Portugal
Ok, lá vai: achei interessante a solução apresentada pela PMF para a Praça Portugal. Há muito, por motivo do intenso tráfego causado pelo comércio sofisticado existente em suas cercanias, o logradouro transformou-se de uma praça com muito boa freqüência (nos anos de 1980, lembro-me de ter lá purgado o assassinato de John Lennon e de ter tomado muita caipirinha sob as árvores) a um local utilizado somente por um grupo que busca o isolamento a todo custo (os misteriosos emos), sendo hoje apenas uma rotatória, um local verde alcançado apenas pelo sôfrego olhar das pessoas em busca de sombra. Ou seja, como espaço público e de utilização popular, morreu. Com chegada quase que impossibilitada pelo constante e rápido fluxo de carros e sem elementos de acessibilidade plena, a Praça Portugal inspirou tarefas de gincana, a partir de sua dura travessia. 

A proposta apresentada pela PMF cria 4 piazzetas encostadas nos cantos da atual praça, com os dois fluxos da Des. Moreira e o fluxo único leste-oeste da Dom Luís (mais ciclovia) determinando um "grid" com área total aproximada de 10.000 m² (a conferir), ou seja, um quarteirão inteiro para ser desfrutado de forma contínua pelo fato de existirem passagens de pedestres interligando os logradouros. Não se espantem se a uma hora dessas não houver gente querendo saber como se arruma um espaço nas quatro praças para colocar um quiosque. 

Problemas: 

1) a transposição das árvores, várias adultas e com raízes extensas e profundas. Pode-se plantar dez para cada uma arrancada, mas há sempre a questão da memória. Quanto às palmeiras, estas são de fácil manejo. Várias serão também aproveitadas pelo desenho; 

2) Como ficarão os estacionamentos ao longo da Des. Moreira e da Dom Luís? Se continuarem existindo, a proposta faz água; 

3) No prolongamento da Dom Luiz, o fluxo terá, se não me engano, que dobrar à direita na Tibúrcio Cavalcante para seguir pela Tenente Benévolo. Há um prédio construído no meio da via. Não seria esta última rua muito estreita para um fluxo tão pesado?; 

4) A questão da decisão quanto à obra e de sua comunicação à sociedade pela PMF. Parece que a lição do Cocó não foi bem assimilada. Um concurso público seria também muito bem-vindo, já que esta não é a única idéia possível de ser ali implantada; 

5) A memória da Praça Portugal, levantada por muita gente, deve ser considerada. Acho apenas que propostas como a apresentada ampliam em muito a dimensão do uso público daquele logradouro, mantendo e reiterando sua original essência ambiental. 

Ao bom e elegante debate.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O DNA DA GINGA




Por Romeu Duarte


A Dilson Pinheiro



Desigual por natureza, desde sempre Fortaleza assistiu de camarote a essa sua (imorredoura?) característica plasmar seu carnaval. Justo em meados do século XIX, quando a pagodeira por aqui começou com o lusitano nome de Entrudo, João Nogueira já reclamava do mau gosto e da bagunça que os foliões de então faziam com um mela-mela à base de bexigas d’água, cera de sapato e farinha de trigo. De um lado, o canelau travestido em papangus, com seus trajes em xadrez, assustando a garotada na rua. De outro, os bem de vida em suas sociedades carnavalescas, nos bailes fechados dos clubes Iracema e União Cearense. No corso, a elite se espremia no miolo da via e a arraia miúda arrasava nas coxias. Brigas, estas só quando os remediados topavam os ricos.

Nas primeiras décadas do século XX, para além da Major Facundo, os cortejos carnavalescos ganharam os bulevares, já acompanhando a expansão da cidade. Ficaram famosos os realizados no da Conceição (Dom Manuel), marcados pelos desfiles de belas mulheres de vida airada em caminhões. Antes, a patuléia se esbaldava nos sambas de areia e umbigadas da periferia, enquanto a comunidade negra entoava os dolentes cantos do maracatu, ainda hoje um símbolo de resistência cultural. As marchinhas ganhavam terreno a cada ano, com letras marotas ou de duplo sentido sobre o foxtrot. Piriguetes da época, as coca-colas ganharam seu cordão nos anos de 1940 por pirraça de uns sargentos da Base, cismados com o grude das moças nos milicos ianques.

Diz um amigo meu, para rebaixar a idade que lhe pesa nos couros: “sou do tempo da Xuxa para cá”. Não sou tão moleque assim: lembro-me perfeitamente dos dias de Momo brincados no asfalto da Duque de Caxias por escolas de samba, blocos, cordões e maracatus. Ispaia Brasa, Império Ideal, Leopoldina Show, Prova de Fogo, Ás de Ouro, Ás de Paus, Leão Coroado, dentre outros, na já distante década de 1960, faziam a minha alegria de menino. Narcélio e Paulo Limaverde narrando a marcha dos brincantes, aquele circunspecto e este dando gaitadas mil atrás do Bicho Chulapão. Irapuan Lima, Toinho e o rei Javeh na corte do samba instalada no Flórida Bar. Animando as festas das agremiações elegantes, Ivanildo e seu Conjunto. Memória de um tempo bom.

Mas chegam os anos de 1970 e 1980 e com eles a conversa de que Fortaleza não tinha carnaval, que era a capital do descanso na farra de fevereiro, mesmo com os Enviados de Alá botando para ferver com seus caftas listrados. Foi o tempo em se tornou costume arribar para Paracuru, Aracati, Beberibe, Camocim e outras paragens para curtir o carnaval de praia. Sem a tal da Lei Seca, casas alugadas com mais de sessenta pessoas, birita rolando de manhã, de tarde e de noite, trio elétrico, paredão de som, banho de mar à fantasia, o azul de Jezebel no céu de Calcutá. O carnavalesco abandono da Loura findou lá pelo meio da década de 1990 graças à teimosia de uns poucos heróis, pais do pré-carnaval, que sacaram que o lance era aqui, pois quem é de bem, fica.

Todas essas lembranças me assaltam enquanto assisto à sensacional apresentação das Gatapira na Praça General Tibúrcio, na Terça-Feira Gorda, nosso Mardi Gras. Vindo da animação do Sanatório Geral lá do Benfica e já de olho no Largo da Mocinha (já sabendo que o Luxo da Aldeia Concentra Mas não Sai), uma certeza me invade: por mais que uns não queiram ou apóiem, temos carnaval, sim, dos bons e o que é melhor, fruto de um desejo popular, de gente feliz, pacífica e ordeira que dá valor às belezas da cidade e, por isso, merece respeito. Quem pensou em vir para cá para dormir que vá armar sua rede noutro canto deste imenso país. Quem só acordou agora, que se pegue da coisa e não vacile mais. Os leões, doidões, dançam em baby-dolls de nylon.

Fonte: jornal O POVO, 10 de março de 2014. 
Imagem: http://showsdegracaemfortaleza.blogspot.com.br/2014/03/as-gata-pira-na-praca-dos-leoes.html



IRACEMA, BENFICA E CENTRO CRIATIVOS





Por Joaquim Cartaxo

A praia de Iracema, bairro vizinho ao Centro antigo de Fortaleza, reúne predicados histórico-culturais que o potencializam como polo de economia criativa, similar ao polo cultural do Benfica.

Destacam-se como estruturadores desse polo a avenida Monsenhor Tabosa, eixo comercial de artesanato e confecção de grife e popular; a rua dos Tabajaras, eixo de entretenimento identificado por seus bares, restaurantes, casas de espetáculo, boates, butiques; o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, eixo cultural que interliga os dois anteriores. Sublinhe-se nesses eixos os equipamentos educacionais, científicos e turísticos: Planetário Rubens de Azevedo em funcionamento no Dragão e o Acquário do Ceará em construção na Tabajaras.

Territorialmente, os bairros Benfica e Praia de Iracema interligam-se através do Centro antigo que concentra o mais importante patrimônio histórico-cultural e é a principal centralidade econômica e simbólica da cidade. Com tais atributos, esses bairros podem ser reunidos como área de estudo e intervenção de economia criativa, de cidade criativa compreendida como lugar em que a inventividade dos artistas influencia forma e ânima urbana; em que as indústrias criativas (design, música, artes visuais, novas mídias) têm atribuição decisiva na economia, criando identidade urbana, gerando turismo, imagens; a comunidade de pesquisadores das universidades e os nômades do conhecimento somam-se aos artistas e às indústrias criativas.

Há um novo mundo urbano sendo construído pelo fazer criativo, o software da cidade que substitui o predomínio do paradigma da engenharia do desenvolvimento urbano; há os trabalhadores do conhecimento que criam riquezas nas cidades e constituem uma nova classe trabalhadora. Daí a economia criativa, as cidades criativas que requerem política, administração pública, saúde, educação, assistência social com criatividade e inovações sociais.


Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE.

Fonte: jornal O POVO, 10 de março de 1024. Imagem: http://fazdesign.com.br/com-a-palavra-as-empresas/economia-criativa/