quinta-feira, 13 de março de 2014

PRAÇA PORTUGAL, DEBATE SALUTAR

Praça Portugal em 1971. Arquivo Nirez



Por Joaquim Cartaxo

Projetos e ações de engenharia de trânsito, que se ocupam da circulação de veículos, e engenharia de tráfego, que planejam a construção de vias, devem observar a seguinte ordem de prioridades quanto aos beneficiários: pedestres, ciclistas, transportes coletivos e, por último, veículos particulares.

Assim sendo, a proposta da Prefeitura Municipal de Fortaleza de  transformar a praça-balão ou praça-rotatória Portugal em quatro praças com um cruzamento sem rotatória das avenidas Desembargador Moreira e D. Luís atende a qual dessas prioridades? Quem será o segmento mais beneficiado? 

O pedestre que acessará às praças referidas sem o incômodo, o desconforto e o perigo a que está submetido, hoje, para chegar e sair da praça-rotatória Portugal.

Praça-rotatória prioriza veículos automotores no lugar de pedestres.  A praça-rotatória Manuel Dias Branco para onde confluem as avenidas Aguanambi, Eduardo Girão e BR 116 é outro exemplo disso em Fortaleza. Mesmo com uma passarela de acesso, possui uma frequência quase zero de pessoas. 

Há tempo que a praça-rotatória Portugal requer, demanda um novo desenho que equacione o intenso e congestionado trânsito de passagem, que a circunda devido aos equipamentos e as atividades que atraem e geram viagens na sua circunvizinhança, e a baixa frequência de uso pelas pessoas dada as dificuldades de acesso dela. Transformar o polígono em que está inserida em quatro praças com amplo acesso aos pedestres com um cruzamento viário que organiza e disciplina o fluxo de veículos por meio de semáforo é uma proposta que garante conforto, bem-estar e segurança no usufruto do espaço público pelos pedestres.

Debater proposta dessa magnitude é salutar, prudente. Além dos parágrafos anteriores, apresento como contribuição pronunciamento de 1996, na solenidade de posse da Comissão Permanente de Avaliação do Plano Diretor de Fortaleza, representando seus componentes, em que afirmava: “a crítica e a apresentação de estratégias, por qualquer setor da sociedade, não podem ser assimiladas pelos governantes de maneira negativa, mas como algo benéfico, natural e inerente ao direito e à pluralidade de opinião, afirmação maior da democracia que se concretiza pela política, como campo de possibilidades para o equacionamento dos conflitos e das contradições entre o público e o privado, o particular e o coletivo, a permanência e a transformação do status quo.

Paciência, generosidade e negociação constituem palavras-chave para operacionalizar a solução dos conflitos, procurando construir consensos, explicitar e afirmar dissensos, na busca de processar novos consensos. Uma gestão democrática e uma cidade saudável requerem esse caminho político, sob pena de nos perdermos pelos descaminhos da burocracia, do corporativismo, do imediatismo das soluções simplórias e do clientelismo.” Ou sermos dominados pelos partidários da tecnocracia que em geral desprezam os fatores culturais, humanos, sociais e privilegiam os mecanismos econômicos na tomada de decisões.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e membro do diretório nacional do PT.





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