Praça Portugal em 1971. Arquivo Nirez |
Por Joaquim Cartaxo
Assim sendo, a proposta da Prefeitura Municipal
de Fortaleza de transformar a praça-balão ou praça-rotatória Portugal em
quatro praças com um cruzamento sem rotatória das avenidas Desembargador
Moreira e D. Luís atende a qual dessas prioridades? Quem será o segmento mais
beneficiado?
O pedestre que acessará às praças referidas sem
o incômodo, o desconforto e o perigo a que está submetido, hoje, para chegar e
sair da praça-rotatória Portugal.
Praça-rotatória prioriza veículos automotores
no lugar de pedestres. A praça-rotatória Manuel Dias Branco para onde
confluem as avenidas Aguanambi, Eduardo Girão e BR 116 é outro exemplo disso em
Fortaleza. Mesmo com uma passarela de acesso, possui uma frequência quase zero
de pessoas.
Há tempo que a praça-rotatória Portugal requer,
demanda um novo desenho que equacione o intenso e congestionado trânsito de
passagem, que a circunda devido aos equipamentos e as atividades que atraem e
geram viagens na sua circunvizinhança, e a baixa frequência de uso pelas
pessoas dada as dificuldades de acesso dela. Transformar o polígono em que está
inserida em quatro praças com amplo acesso aos pedestres com um cruzamento
viário que organiza e disciplina o fluxo de veículos por meio de semáforo é uma
proposta que garante conforto, bem-estar e segurança no usufruto do espaço
público pelos pedestres.
Debater proposta dessa magnitude é salutar,
prudente. Além dos parágrafos anteriores, apresento como contribuição
pronunciamento de 1996, na solenidade de posse da Comissão Permanente de
Avaliação do Plano Diretor de Fortaleza, representando seus componentes, em que
afirmava: “a crítica e a apresentação de estratégias, por qualquer setor da
sociedade, não podem ser assimiladas pelos governantes de maneira negativa, mas
como algo benéfico, natural e inerente ao direito e à pluralidade de opinião,
afirmação maior da democracia que se concretiza pela política, como campo de
possibilidades para o equacionamento dos conflitos e das contradições entre o
público e o privado, o particular e o coletivo, a permanência e a transformação
do status quo.
Paciência, generosidade e negociação constituem
palavras-chave para operacionalizar a solução dos conflitos, procurando
construir consensos, explicitar e afirmar dissensos, na busca de processar
novos consensos. Uma gestão democrática e uma cidade saudável requerem esse
caminho político, sob pena de nos perdermos pelos descaminhos da burocracia, do
corporativismo, do imediatismo das soluções simplórias e do clientelismo.” Ou
sermos dominados pelos partidários da tecnocracia que em geral desprezam os
fatores culturais, humanos, sociais e privilegiam os mecanismos econômicos na
tomada de decisões.
Joaquim
Cartaxo é arquiteto urbanista e membro do diretório nacional do PT.
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