quarta-feira, 12 de março de 2014

PRAÇA PORTUGAL: UMA OPINIÃO

Por Romeu Duarte

Proposta da Prefeitura Municipal de Fortaleza para a nova Praça Portugal
Ok, lá vai: achei interessante a solução apresentada pela PMF para a Praça Portugal. Há muito, por motivo do intenso tráfego causado pelo comércio sofisticado existente em suas cercanias, o logradouro transformou-se de uma praça com muito boa freqüência (nos anos de 1980, lembro-me de ter lá purgado o assassinato de John Lennon e de ter tomado muita caipirinha sob as árvores) a um local utilizado somente por um grupo que busca o isolamento a todo custo (os misteriosos emos), sendo hoje apenas uma rotatória, um local verde alcançado apenas pelo sôfrego olhar das pessoas em busca de sombra. Ou seja, como espaço público e de utilização popular, morreu. Com chegada quase que impossibilitada pelo constante e rápido fluxo de carros e sem elementos de acessibilidade plena, a Praça Portugal inspirou tarefas de gincana, a partir de sua dura travessia. 

A proposta apresentada pela PMF cria 4 piazzetas encostadas nos cantos da atual praça, com os dois fluxos da Des. Moreira e o fluxo único leste-oeste da Dom Luís (mais ciclovia) determinando um "grid" com área total aproximada de 10.000 m² (a conferir), ou seja, um quarteirão inteiro para ser desfrutado de forma contínua pelo fato de existirem passagens de pedestres interligando os logradouros. Não se espantem se a uma hora dessas não houver gente querendo saber como se arruma um espaço nas quatro praças para colocar um quiosque. 

Problemas: 

1) a transposição das árvores, várias adultas e com raízes extensas e profundas. Pode-se plantar dez para cada uma arrancada, mas há sempre a questão da memória. Quanto às palmeiras, estas são de fácil manejo. Várias serão também aproveitadas pelo desenho; 

2) Como ficarão os estacionamentos ao longo da Des. Moreira e da Dom Luís? Se continuarem existindo, a proposta faz água; 

3) No prolongamento da Dom Luiz, o fluxo terá, se não me engano, que dobrar à direita na Tibúrcio Cavalcante para seguir pela Tenente Benévolo. Há um prédio construído no meio da via. Não seria esta última rua muito estreita para um fluxo tão pesado?; 

4) A questão da decisão quanto à obra e de sua comunicação à sociedade pela PMF. Parece que a lição do Cocó não foi bem assimilada. Um concurso público seria também muito bem-vindo, já que esta não é a única idéia possível de ser ali implantada; 

5) A memória da Praça Portugal, levantada por muita gente, deve ser considerada. Acho apenas que propostas como a apresentada ampliam em muito a dimensão do uso público daquele logradouro, mantendo e reiterando sua original essência ambiental. 

Ao bom e elegante debate.

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