Proposta da Prefeitura Municipal de Fortaleza para a nova Praça Portugal |
Ok, lá vai: achei interessante a solução
apresentada pela PMF para a Praça Portugal. Há muito, por motivo do intenso
tráfego causado pelo comércio sofisticado existente em suas cercanias, o
logradouro transformou-se de uma praça com muito boa freqüência (nos anos de
1980, lembro-me de ter lá purgado o assassinato de John Lennon e de ter tomado
muita caipirinha sob as árvores) a um local utilizado somente por um grupo que busca o isolamento a todo custo
(os misteriosos emos), sendo hoje apenas uma rotatória, um local verde
alcançado apenas pelo sôfrego olhar das pessoas em busca de sombra. Ou seja,
como espaço público e de utilização popular, morreu. Com chegada quase que
impossibilitada pelo constante e rápido fluxo de carros e sem elementos de
acessibilidade plena, a Praça Portugal inspirou tarefas de gincana, a partir de
sua dura travessia.
A proposta apresentada pela PMF cria 4 piazzetas encostadas
nos cantos da atual praça, com os dois fluxos da Des. Moreira e o fluxo único
leste-oeste da Dom Luís (mais ciclovia) determinando um "grid" com
área total aproximada de 10.000 m² (a conferir), ou seja, um quarteirão inteiro
para ser desfrutado de forma contínua pelo fato de existirem passagens de
pedestres interligando os logradouros. Não se espantem se a uma hora dessas não
houver gente querendo saber como se arruma um espaço nas quatro praças para
colocar um quiosque.
Problemas:
1) a transposição das árvores, várias adultas e
com raízes extensas e profundas. Pode-se plantar dez para cada uma arrancada,
mas há sempre a questão da memória. Quanto às palmeiras, estas são de fácil
manejo. Várias serão também aproveitadas pelo desenho;
2) Como ficarão os
estacionamentos ao longo da Des. Moreira e da Dom Luís? Se continuarem
existindo, a proposta faz água;
3) No prolongamento da Dom Luiz, o fluxo terá,
se não me engano, que dobrar à direita na Tibúrcio Cavalcante para seguir pela
Tenente Benévolo. Há um prédio construído no meio da via. Não seria esta última
rua muito estreita para um fluxo tão pesado?;
4) A questão da decisão quanto à
obra e de sua comunicação à sociedade pela PMF. Parece que a lição do Cocó não
foi bem assimilada. Um concurso público seria também muito bem-vindo, já que
esta não é a única idéia possível de ser ali implantada;
5) A memória da Praça
Portugal, levantada por muita gente, deve ser considerada. Acho apenas que
propostas como a apresentada ampliam em muito a dimensão do uso público daquele
logradouro, mantendo e reiterando sua original essência ambiental.
Ao bom e
elegante debate.
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