Praça do Ferreira. Fortaleza, Ceará, Brasil. |
Por Joaquim Cartaxo
Nos
últimos dias, o centro tradicional de Fortaleza voltou à agenda de debate dos
problemas da cidade difundido como território “degradado” com a imagem de local
sem prestígio, assinalado pelo caráter e frequência popular. Importante haver
retornado, mas é preciso desfazer essa imagem de natureza ideológica porque o
mesmo foi ocupado pelos pobres e há uma quantidade significativa de suas
edificações em situação de quase-ruína.
Sublinhe-se
que nas metrópoles brasileira o centro tradicional transformou-se em lugar de
atendimento dos interesses e necessidades das camadas populares, porque as
atividades de relevância econômica e as especializadas migraram para outros
pontos da cidade com atributos de centro como os shopping centers. Assim sendo, o
centro tradicional começa a se descaracterizar como local de frequência
requintada, pois o comércio e os serviços de luxo deslocaram-se para outras
áreas da cidade. Deslocamento causado pelas camadas de alta renda que abandonam
o centro, depois difundem a ideia de degradação do mesmo e buscam consolidar a
simbologia de que o “centro velho” foi substituído pelo “centro novo” próximo
do lugar onde moram.
Em
síntese: a dinâmica do crescimento metropolitano amplia as distâncias entre o
centro tradicional e as novas localizações residenciais, aumenta as possibilidades
de mobilidade das pessoas, faz surgir novas áreas de centralidade urbana. Nesse
contexto, o centro tradicional se reduz ao atendimento do consumo popular.
Privilegiar
o patrimônio cultural, melhorar a paisagem urbana, fortalecer as atividades do
centro de Fortaleza são desafios a serem vencidos pelos governos e sociedade. Bom
começo seria afirmá-lo como lugar que onde a maioria da população, as camadas
populares, compra bens e serviços. Nesse passo, ações para esse bairro têm que
visar os interesses e necessidades desse público que é quem garante a
vitalidade do centro.
Joaquim
Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE.
Fonte: jornal O POVO, 10 de fevereiro de 2010.
Fonte: jornal O POVO, 10 de fevereiro de 2010.
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