segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O CENTRO DE NOVO

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Praça do Ferreira. Fortaleza, Ceará, Brasil.

Por Joaquim Cartaxo

Nos últimos dias, o centro tradicional de Fortaleza voltou à agenda de debate dos problemas da cidade difundido como território “degradado” com a imagem de local sem prestígio, assinalado pelo caráter e frequência popular. Importante haver retornado, mas é preciso desfazer essa imagem de natureza ideológica porque o mesmo foi ocupado pelos pobres e há uma quantidade significativa de suas edificações em situação de quase-ruína. 
 Sublinhe-se que nas metrópoles brasileira o centro tradicional transformou-se em lugar de atendimento dos interesses e necessidades das camadas populares, porque as atividades de relevância econômica e as especializadas migraram para outros pontos da cidade com atributos de centro como os shopping centers. Assim sendo, o centro tradicional começa a se descaracterizar como local de frequência requintada, pois o comércio e os serviços de luxo deslocaram-se para outras áreas da cidade. Deslocamento causado pelas camadas de alta renda que abandonam o centro, depois difundem a ideia de degradação do mesmo e buscam consolidar a simbologia de que o “centro velho” foi substituído pelo “centro novo” próximo do lugar onde moram.
Em síntese: a dinâmica do crescimento metropolitano amplia as distâncias entre o centro tradicional e as novas localizações residenciais, aumenta as possibilidades de mobilidade das pessoas, faz surgir novas áreas de centralidade urbana. Nesse contexto, o centro tradicional se reduz ao atendimento do consumo popular.
Privilegiar o patrimônio cultural, melhorar a paisagem urbana, fortalecer as atividades do centro de Fortaleza são desafios a serem vencidos pelos governos e sociedade. Bom começo seria afirmá-lo como lugar que onde a maioria da população, as camadas populares, compra bens e serviços. Nesse passo, ações para esse bairro têm que visar os interesses e necessidades desse público que é quem garante a vitalidade do centro.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE.

Fonte: jornal O POVO, 10 de fevereiro de 2010.







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