Por Joaquim
Cartaxo
Rio Cocó/Ponte Sebastião de Abreu
Os
processos de urbanização e fluviais possuem relações conflituosas que se expressam, por exemplo, na visão do rio
como estrutura de saneamento e drenagem; na ocupação inadequada ou irregular
das margens dos recursos hídricos; nas águas funcionando como coletora de lixo,
de efluentes domésticos e industriais; nas cidades invadindo as águas e as
águas invadindo as cidades.
Há ainda
os rios que desaparecem na paisagem urbana. Em Fortaleza, asfaltaram a nascente
e a foz do riacho Pajeú, às margens do qual a cidade nasceu; emparedaram o rio Aguanambi em um canal de
concreto e criaram vias em suas margens; o rio Cocó é alvo de conflitos entre
grupos imobiliários, proprietários de terrenos às suas margens, e grupos
ambientalistas que lutam pela preservação desse recurso hídrico.
Sobre o Cocó:
rio metropolitano com 45 km de curso; nasce na serra da Aratanha em Pacatuba, deságua
nas praias do Futuro e Sabiaguaba; sua bacia hidrográfica em Fortaleza banha
2/3 do território da capital do Ceará; é influenciado pelas marés entre sua foz
e a BR 116, onde seu manguezal marca a paisagem de sua orla fluvial de forma
exuberante; de um lado e outro do rio a cidade cresceu, sem conexões que atendam
a demanda de deslocamentos das pessoas; as pontes da avenida Engenheiro Santana
Júnior, da Sebastião de Abreu e da Sabiaguaba são insuficientes e inadequadas do
ponto de vista urbanístico, pois não garantem conforto e segurança quanto
acessibilidade entre os setores urbanos das margens direita e esquerda do rio.
Equacionar
a preservação do ecossistema do rio e o crescimento da cidade requer criterioso
estudo rio Cocó, amplamente debatido com a sociedade, com o fito de se desenhar
a paisagem urbana a partir da água e integrar os setores referidos. Isto é um
desafio e uma oportunidade para que a cidade de adeque ao rio e o rio se adapte
à cidade, pois o destino de um está preso ao da outra.
Joaquim
Cartaxo é arquiteto urbanista e vice-presidente do PT/CE
Fonte: jornal O POVO, 4 de novembro de 2013.
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